Por Carlos Henrique Machado.
Temos também que acabar com a intelectualidade vocacional. "meritocracia funcional", essa do tropicalizador e tropicalizado.
Temos também que acabar com a intelectualidade vocacional. "meritocracia funcional", essa do tropicalizador e tropicalizado.
O messianismo "chiquita bacana" anda a disputar a vitrola de corda da mídia, a organizadora das publicações comentadas por canastrices e canastrões, todas vindas do Instituto de Estudos Brasileiros de Auto-Proclamação.
Com a queda livre da indústria do entretenimento, todas as novas ex-personalidades da subjetividade cultural brigam pela capa das páginas ilustradas reservadas à gerência comercial das produtoras dos tropicalizadores e suas "efervescências produtivas" a serviço do país.
É nesta hora que vemos Caetano, Jabor, Magnoli, encapados pelo aparato informativo, erguer no meio de um Fla x Flu a cartolina com os dizeres, FILMA NÓS, GALVÃO! À procura de infindável divulgação, os mestres de temperamento intelectual cheio de guinchos, pinotes e frenesís, suscitam páginas infindáveis da divulgação de um risco populista de Lula contra a democracia.
Os pioneiros do pensamento brasileiro que transformaram vaias oméricas em produtos fonográficos de alta rentabilidade em sua punjante biografia, agora, com lágrimas nos olhos, defendem Cesar Maia do DEM, xingando a estupidez do progresso do governo Lula, é claro. Discurso feito em ambiente de wisks regando o salmão com o sermão do jornalismo promocional, tropicalista.
Eu, o ludibriado, o hipnotizado, vejo essa gente tão credenciada, tão estudiosa, tão pioneira, fazer essas anotações manuscritas em cartolina lisa para botar o cocar de Carmem Miranda, com frutas verdes, numa guerra interna por assentos no próximo Roda Viva na TV do João Sayad, com Gabi Gabriela e Augusto Nunes. Nós que somos a mata da mata ficamos estupefatos com o conjunto tupi e a autenticidade do julgamento provocada pela queda dos santos, esses patrimônios, esses acervos do pensamento erudito de variedades de moda, servidos de porção a porção na bandeja às vésperas do fechamento das gravadoras.
Compreendo esse culto, esse mote do departamento de cultura tropicalista, mas o vaidoso verbete, antes de se colocar em questão o modelo Lula de populismo, deveria observar que, se o acervo público sobre a ordem numérica precisa de muito mais discos e com mais qualidade, para se fazer valer de capa original. O solista, spala e maestro, melhor dizendo, a santíssima trindade do vatapá à moda ACM, apresentou o velho catálogo dos portugueses cantadores de fado que aqui chegaram para entoar o canto contra nós, os mata-virgem, com o nosso timbre anazalado dançando maxixe em volta da fogueira. A orquestação com tantos instrumentos de sopros agudos, Caê, Jabor e uma penca de bananas verdes globais nos dão uma lição e, como guardiões do coqueiro, tocam os tambores do maracatu do Leblon e Jardins. E aí, o nosso simpático mestre, com evolução tonal acima da melodia dos hipnotizados, recomeça a sua peça com motivos rítmicos enquadrados na originalidade formidável e cientificamente perfeita, oriunda da nova moda sistematizada pela mídia.
Estamos todos, como um fenômeno semântico, hipnotizados pela expressão do ponteio de Lula. Caetano está hoje dançando a chula raiada exibindo riqueza de obra-prima e ar de samba rural em suas nomenclaturas. Trocando em miúdos, Caetano entrou fortemente no coro do perigo do país dos "istas", stalinistas, nazistas e mais um punhado de frutas frescas colocadas acima da cabeça como balangandã tropicalista, tudo muito hollyoodiano, carmerandiano. Vamos aguardar as novas redondilhas e esperar o momento em que a moda do salto alto tenha a sua derradeira estrofe cantada pelos hipnotizados, abestalhados no dia 03 de outrubro.
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