MOMENTOS DECISIVOS FMI DESEMBARCA EM ATENAS. PLANO DE ARROCHO É DISCUTIDO NO PARLAMENTO - Dirigentes da União Européia decidiram endurecer o jogo contra a Grécia: não vão liberar o segundo frasco de soro financeiro (12 bilhões de euros) de que o país necessita desesperadamente, enquanto o condenado não galgar o cadafalso por livre e espontânea vontade. Ou seja, enquanto não der demonstrações de que aceitou deflagrar um duro ajuste que inclui privatizações, demissões em massa de funcionários públicos, cortes em aposentadorias, congelamento de salários e aumentos de impostos. A meta é reduzir a 1/3 o déficit público. Hoje a dívida da Grécia é superior a 135% do PIB. A opção, portanto, parece ser entre a morte por livre escolha ou a represália asfixiante dos credores. Mais de 50% da população grega é contra o suicídio da primeira alternativa. É o que as ruas tem demonstrado com notável convicção. Ninguém acredita que a recessão embutida nesse pacote fará a Grécia sair do buraco. O mais provável é passar do limbo para o inferno. Ainda assim, o governo ‘socialista' de Papandreu tenta obter nesta 3º feira um voto de confiança do Parlamento para implementar a auto-imolação. A inspetoria do FMI desembarcou no país para reforçar a pressão. Se passar pela prova legislativa os mercados vão respirar aliviados: é sinal de que até o dia 28, prazo-limite dado pela UE, a Grécia conseguirá aprovar o plano de ajuste exigido pelos credores. Caso contrário, ameaçam o FMI o BC europeu, Merckel & Sarkozy, ‘será o Kaos'. Muitos analistas acham que a Grécia não deve ceder. Os recursos prometidos em troca de sacrifícios não visam recuperar o país, mas sim gerar liquidez para restituir o dinheiro dos credores, sobretudo bancos europeus que aplicaram em títulos da dívida grega. Concluído esse resgate, o país desabará exaurido pelo desemprego e a recessão e rejeitado pelos bancos e financiadores que vão tratá-lo a pão e água. Morrerá então pela segunda vez. A única chance da Grécia, desse ponto de vista, seria esticar a corda e mostrar sua disposição de levar os bancos europeus junto para a cova, caso as condições de ajuste não sejam suavizadas. Mas qual partido expressará essa vontade crescente das ruas? (Carta Maior; 3º feira,21/06/ 2011)
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