Por Carlos Chagas.
Quem jogou barro no ventilador, ontem, foi o senador Roberto Requião. Discursando na sessão matutina do Senado, ele bateu firme na decisão do governo de construir o trem-bala, disse que capitalismo é esperteza, que a esquerda brasileira descumpre seus compromissos históricos, e a portuguesa também, ao aceitar as ditas medidas de austeridade impostas pelo FMI, que mais esfolarão o trabalhador. Confessou-se entusiasmado com o governo Dilma, mas não consegue esquecer as promessas de campanha e não entende a aliança entre o PMDB e o PT. Verberou a criação de licitações secretas, como no caso das obras nos estádios de futebol, e não poupou o empresariado, para ele sempre preferindo que o governo assuma riscos e arque com as despesas de obras públicas, para depois receber as concessões para sua exploração.
Requião costuma remar contra a maré.
Talvez por isso foi três vezes eleito governador do Paraná e duas vezes senador pelo seu estado, ainda que também por isso seu partido, o PMDB, tenha torpedeado por duas vezes sua candidatura à presidência da República.
ONDE JÂNIO QUADROS QUEBROU A CARA.
No próximo 25 de agosto completam-se cinqüenta anos da renúncia de Jânio Quadros, episódio que quase levou o país à guerra civil. Só depois de eleito com votação espetacular é que a opinião pública percebeu que o homem era doido, apesar de brilhante. Na chefia do governo, adotou iniciativas tão inexplicáveis quanto absurdas, paralelas a ações louváveis e necessárias.
Entre as primeiras, estava a proibição de brigas de galo e de desfiles de biquíni em todo o território nacional, bem como a limitação das corridas de cavalo, só permitidas aos sábados e domingos. Substituiu o terno e gravata por um uniforme parecido com o que se usa na Índia, logo apelidado de “pijânio”. Quebrou a cara, também, ao acabar com o horário corrido de trabalho para o funcionalismo público federal, exigindo dois turnos. Atrapalhou a vida de meio mundo e foi obrigado a recuar, tornando a emenda pior do que o soneto. Dividiu o Rio de Janeiro num muro imaginário onde, do lado de lá, por ser longe das repartições, vigorava o horário corrido, e do lado de cá, mais perto do centro da cidade, os servidores precisavam trabalhar de manhã, ir em casa almoçar e retornar à tarde. Um pandemônio desfeito meses depois por Tancredo Neves, escolhido primeiro-ministro e chefe do governo, depois da crise.
Por que se lembra essa última história? Porque o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, acaba de suspender a decisão do Conselho Nacional de Justiça que estabelecer dois horários para os funcionários, juízes, desembargadores e ministros do Poder Judiciário, em vez do horário corrido. Agiu com sensibilidade, porque a mudança iria perturbar muita gente, discutindo-se sua eficácia para tornar a Justiça mais ágil.
ADEUS AO IDEAL SOCIALISTA.
Assistimos esta semana uma série de inserções do PPS nas telinhas e auto-falantes, durante o horário de propaganda partidária gratuita. Com todo o respeito aos serviços prestados ao país pelo presidente do partido, Roberto Freire, não dá para ficar calado. O PPS substituiu o antigo Partido Comunista Brasileiro e parece que relegou e renegou todos os antigos ideais socialistas. Quem escutou as mensagens do deputado e ex-senador espantou-se por ele ter-se apresentado como o irmão mais novo de Fernando Henrique Cardoso, elogiando privatizações, neoliberalismo e heresias parecidas, para quem durante tantos anos seguiu a linha do “partidão”. O mundo mudou, é evidente, mas nem tanto assim
Requião costuma remar contra a maré.
Talvez por isso foi três vezes eleito governador do Paraná e duas vezes senador pelo seu estado, ainda que também por isso seu partido, o PMDB, tenha torpedeado por duas vezes sua candidatura à presidência da República.
ONDE JÂNIO QUADROS QUEBROU A CARA.
No próximo 25 de agosto completam-se cinqüenta anos da renúncia de Jânio Quadros, episódio que quase levou o país à guerra civil. Só depois de eleito com votação espetacular é que a opinião pública percebeu que o homem era doido, apesar de brilhante. Na chefia do governo, adotou iniciativas tão inexplicáveis quanto absurdas, paralelas a ações louváveis e necessárias.
Entre as primeiras, estava a proibição de brigas de galo e de desfiles de biquíni em todo o território nacional, bem como a limitação das corridas de cavalo, só permitidas aos sábados e domingos. Substituiu o terno e gravata por um uniforme parecido com o que se usa na Índia, logo apelidado de “pijânio”. Quebrou a cara, também, ao acabar com o horário corrido de trabalho para o funcionalismo público federal, exigindo dois turnos. Atrapalhou a vida de meio mundo e foi obrigado a recuar, tornando a emenda pior do que o soneto. Dividiu o Rio de Janeiro num muro imaginário onde, do lado de lá, por ser longe das repartições, vigorava o horário corrido, e do lado de cá, mais perto do centro da cidade, os servidores precisavam trabalhar de manhã, ir em casa almoçar e retornar à tarde. Um pandemônio desfeito meses depois por Tancredo Neves, escolhido primeiro-ministro e chefe do governo, depois da crise.
Por que se lembra essa última história? Porque o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, acaba de suspender a decisão do Conselho Nacional de Justiça que estabelecer dois horários para os funcionários, juízes, desembargadores e ministros do Poder Judiciário, em vez do horário corrido. Agiu com sensibilidade, porque a mudança iria perturbar muita gente, discutindo-se sua eficácia para tornar a Justiça mais ágil.
ADEUS AO IDEAL SOCIALISTA.
Assistimos esta semana uma série de inserções do PPS nas telinhas e auto-falantes, durante o horário de propaganda partidária gratuita. Com todo o respeito aos serviços prestados ao país pelo presidente do partido, Roberto Freire, não dá para ficar calado. O PPS substituiu o antigo Partido Comunista Brasileiro e parece que relegou e renegou todos os antigos ideais socialistas. Quem escutou as mensagens do deputado e ex-senador espantou-se por ele ter-se apresentado como o irmão mais novo de Fernando Henrique Cardoso, elogiando privatizações, neoliberalismo e heresias parecidas, para quem durante tantos anos seguiu a linha do “partidão”. O mundo mudou, é evidente, mas nem tanto assim
Nenhum comentário:
Postar um comentário