quinta-feira, 29 de julho de 2010

CUMPRA-SE

JUCA KFOURI
O Estatuto do Torcedor foi aperfeiçoado. Agora, só resta fazer com que seja cumprido.
LULA APERFEIÇOOU, no fim do segundo mandato, a primeira lei que assinou no começo do primeiro.
Se o Estatuto do Torcedor já era bom, agora ficou melhor. Lacunas que sempre foram usadas para justificar a impunidade dos violentos, foram devidamente preenchidas por artigos rigorosos com quem semeia o medo em estádios e imediações.
Banimento dos estádios, prisão, responsabilização das ditas torcidas organizadas, com o cadastramento obrigatório de seus membros, aleluia!, acabaram as desculpas que redundavam em liberdade dos meliantes.
Também os que fraudarem resultados dos jogos deverão ir para a cadeia, o que torna praticamente impossível que tenhamos sentenças como já tivemos e que entraram para o anedotário do Judiciário. Foi o caso de um juiz de primeira instância que absolveu um árbitro, que comprovadamente manipulara resultados de jogos, porque, segundo o magistrado, não havia crime já que o jogo tinha sido realizado. Então, Sua Excelência comparou o futebol à luta livre, em que todos sabem que é tudo marmelada e nem por isso deixam de pagar para ver, justificou. É sério, aconteceu.
Anos depois houve o escândalo Edílson Pereira de Carvalho, que também está aí, livre, leve e solto, rindo de todos nós.
Até o cambismo será punido com prisão, no que se inova no Brasil, porque esta é uma prática mundial, até regulamentada em muitos países. Sem dúvida outro avanço na proteção do torcedor e da economia popular.
Resta fazer pegar. Porque o que virou lei quase oito anos atrás pegou apenas em parte, como o campeonato nacional em pontos corridos, por exemplo, mas, muitíssimas coisas ficaram apenas e desgraçadamente no papel. E olhe que, quando o presidente da República assinou o texto, prometeu que "nunca mais o torcedor brasileiro seria tratado feito gado". Como se sabe, ainda é.
Tomara que deixe de ser mesmo, embora saibamos que todas as restrições contra o álcool nos estádios cairão por terra para a Copa, exigência da Fifa e de sua patrocinadora, a cervejaria estadunidense Budweiser, que, aliás, é muito ruim, embora tenha sido imposta até nos estádios da Alemanha, reconhecida pela excelência de sua cerveja.
A nota destoante na cerimônia de assinatura do aperfeiçoamento do Estatuto do Torcedor ficou por conta da demagogia populista do ministro do Esporte, que fez um elogio inoportuno às torcidas organizadas, típica atitude de quem quis afagar depois de ter de engolir o rigor punitivo.

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