sexta-feira, 30 de julho de 2010

TITÃS EXTINTOS

RUY CASTRO


Cortes de terra para obras de infraestrutura em municípios de SP, PR e RS estão revelando redes de tocas que podem ter sido escavadas por tatus gigantes há 400 mil anos. Esses supertatus -gliptodontes, para os cientistas- eram do tamanho de fuscas, e seus cascos os transformavam em verdadeiros tanques. Com toda essa exuberância, extinguiram-se.
Um fóssil de urso achado em La Plata, Argentina, e apresentado há pouco num simpósio de paleontologia no Rio insinua que o bicho, um cidadão de 700 mil anos atrás, tinha 3,5 metros de altura e pesava 1,5 tonelada. Era carnívoro convicto e fazia a festa devorando tenros herbívoros, como antas e preguiças. Mas, com a chegada dos grandes felinos à América do Sul, ele caiu na zona de rebaixamento -encolheu de tamanho e tornou-se também herbívoro.
E, outro dia, cientistas da USP encontraram em MG ovos e crânios de um bicho desconhecido -talvez um crocodilo gigante, mas quem sabe também uma nova espécie ou até um novo gênero. Em todo caso, um feroz predador, de até seis metros de comprimento, e tremendamente antissocial. Por sorte, viveu há 90 milhões de anos.
A descoberta desses bicharocos sempre me emociona. Mostra como mesmo os maiores titãs do passado acabaram se extinguindo, por uma mudança no clima ou por um valente que apareceu no pedaço. E também me admiro quando se determina que o espécime viveu há 700 mil ou 90 milhões de anos.
Eu também viajo ao passado, em busca de personagens como Nelson Rodrigues, Garrincha ou Carmen Miranda, mas ainda não fui tão longe. Os três, por sinal, eram gigantes em seu tempo e ainda o são, em nosso tempo. Já muitos de seus contemporâneos, por mais sólidos que parecessem, só nos deixaram alguns dentes e artelhos que, um dia, com sorte, talvez sejam avaliados pelos paleontólogos.

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