Por Marcelo Migliaccio - Jornal do Brasil.
A virulência da imprensa contra o atual governo não me espanta mais. Nem mesmo quando um dos grandes jornais do país (grande também nas dívidas, tanto que sua administração já foi até entregue aos banqueiros e a ilustre família agora é só decorativa) dedica cerca de 80% do espaço de sua primeira página a textos abertamente contra Lula, o PT e Dilma. Isso é jornalismo? Isso é liberdade de imprensa?
Ou é liberdade de um lado só?
Outro jornalão, co-irmão desse que virou agência bancária, saiu-se com uma manchete mais ou menos assim: "Filho do braço direito de Dilma envolvido em escândalo".
Aí, eu fiquei pensando em quem seria o "filho do braço direito"...
Seria o dedo mindinho? Ou o polegar?
Agora, fora de brincadeira. Estamos no meio de uma guerra. Eu, você, todo mundo. Não é a guerrilha urbana da criminalidade, não, porque essa já se tornou crônica e cotidiana.
Falo da guerra cujos combates ficam mais ferrenhos em época de eleição. A guerra da mídia contra a transferência de renda. Há muito sabemos que toda guerra tem raízes financeiras. Não se dispara um tiro de fuzil em lugar algum do planeta senão por grana.
Ideologia, religião? Conversa fiada. Exércitos e guerrilheiros só matam por dinheiro.
É a grana da droga nas favelas, nas matas amazônicas ou na Cidade do México.
A grana do petróleo no Oriente Médio e nos Balcãs.
A grana do poder político na África, Índia, Paquistão...
Aqui no Brasil, a guerra do momento não tem tiros. Tem manchetes de jornal, imagens e gravações. Denúncias e mais denúncias não julgadas, mas já desvendadas por jornalistas intrépidos que são melhores
que 007 para descobrir todos os passos de um "filho do braço direito".
O campo de batalha dessa guerra de informação e desinformação é a nossa cabeça. A minha e a sua. Dentro delas, grupos econômicos representados pelos meios de comunicação que conhecemos de outros carnavais, e de outros golpes militares, tentam evitar a todo custo mais quatro anos de transferência de renda no Brasil. Mais quatro anos de PAC, de transposição do Rio São Francisco para o sertão, de Bolsa-Família, de Pro-Uni e Pro-Jovem. Mais quatro anos de dinheiro público gasto com quem precisa.
Não basta a alguns ter um possante importado. É preciso que na calçada haja meninos maltrapilhos fazendo malabarismo e babando no seu carrão.
Há corrupção neste governo? Claro que há. Não existe grupo humano no mundo onde não haja um corrupto, um gênio, um retardado, um santo, um demônio, um pedófilo, um altruísta, um traficante, um viciado, um religioso, um truculento, um pacifista...
Denúncias têm que ser apuradas pela Justiça, e os condenados, punidos. Ponto. Mas eu disse "pela Justiça", não pelo jornal.
Só que os cães de guarda da mídia perderam as estribeiras. Como Dilma não cai nas pesquisas, eles esperneiam.
É isso: nossa imprensa devoradora de florestas está exercendo o seu sagrado direito de espernear.
Não sou petista, repito. Já votei até em FHC contra Lula, para que o nosso atual presidente aprendesse a não amarelar mais em debates na TV, como aconteceu diante de Collor em 89 (manipulação de reportagens em telejornais à parte).
Nem tenho certeza se Dilma, caso eleita, será uma boa presidente. Torço para que seja.
Só tenho certeza de uma coisa: adoro ver essa turma espernear até perder o senso do ridículo.
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