O governo age na direção certa ao desaquecer um pouco a economia, dando tempo para amadurecer investimentos que vão expandir a infraestrutura e ampliar a oferta de bens e serviços, abortando assim pressões inflacionárias que asfixiam os ciclos de crescimento. O governo agirá errado, porém, se ao lado de medidas prudenciais para consolidação do que se denomina 'desenvolvimentismo social', buscar ansiosa e obsequiosa sintonia com a agenda do rentismo. Os mercados financeiros, como explica o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, constituem o problema número 1 do desenvolvimento no mundo contemporâneo. " (eles) lograram capturar os controles da economia e do Estado, mediante o incrível aumento do seu poder social e político. ..", diz o lúcido economista, hoje, no Valor. Em outras palavras, instituiu-se uma tirania rentista insaciável. Basta ler os jornais. O governo Dilma acaba de cortar R$ 50 bilhões penalizando até programas destinados à habitação popular. Os 'mercados' desdenham: "... é insuficiente", resmungam colunas especializadas em resmungos rentistas. " A taxa de juro precisa subir mais um ponto e meio até o final do ano", insistem, preparando o campo para a reunião desta 4º feira, quando o BC deve anunciar nova alta da Selic. Cada ponto a mais na Selic são R$ 15 bilhões de reais subtraídos do orçamento federal que se acrescentam à dívida pública na forma de juros. O total de dois pontos que o mercado 'programou' para 2011 (já ganhou 0,5 pp) representará uma transferência de R$ 30 bilhões. Significa que a Nação corta R$ 50 bi em gastos relevantes numa ponta para 'doar' 60% disso ao poder que 'capturou os controles da economia e do Estado'. No total, o país economizará R$ 87 bilhões este ano (esfera federal, estadual e municipal) para pagar juros da dívida pública. Desarmar esse poder insaciável --e seus porta-vozes internos-- é a agenda silenciosa à qual a Presidenta não deve renunciar. (Carta Maior, com informações Valor; 3º feira-, 01/03/2011)
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