Por Carlos Chagas.
Prestar consultoria não é crime. Pelo contrário, trata-se de um dos pilares do capitalismo. Empresas interessadas em ampliar seus negócios recorrem rotineiramente a consultores especializados nos meandros das novas atividades a que pretendem dedicar-se. Ou na sedimentação das velhas.
Depois de deixar o ministério da Fazenda e mesmo antes de reeleger-se deputado, Antônio Palocci dedicou-se a prestar consultoria a quem procurasse sua recém-criada firma. José Dirceu fez a mesma coisa, até viajando ao exterior para atender clientes.
Ganharam muito dinheiro, os dois. Só eles? Nem pensar. O que há de consultores faturando pelo país inteiro daria para lotar um estádio de futebol em dia de clássico.
Torna-se necessário, porém, para os consultores e seus contratantes, praticar a transparência. Se é um negócio lícito como qualquer outro, convém não misturar passado e presente, para não turvar o futuro.
Nos tempos do regime militar, era comum empresas grandes e pequenas contratarem um general, almirante ou brigadeiro recém-transferidos para a reserva para ajudá-los em suas relações com o poder. Criaram-se as figuras dos “abridores de porta”, que por suas relações anteriores com os governantes obtinham rapidez e facilidades para os pleitos de seus empregadores. Coisa feia que gerou até a cassação de um senador, pelo general Ernesto Geisel, só porque o indigitado representante de Pernambuco aconselhou um amigo a “contratar também o seu general”.
No universo dos negócios a moda envolveu antigos ministros e altos funcionários do governo que, passado seu tempo na administração pública, logo fundavam bancos e financeiras, muitos para faturar relacionamentos anteriores e informações privilegiadas que traziam, como aconteceu nos anos do sociólogo.
No governo Lula, as coisas ficaram mais objetivas, como demonstram os casos de Palocci e Dirceu. Desligados de antigas funções na Fazenda e na Casa Civil, a lei não os impediu de prestar serviços a empresas e empresários. Enriqueceram. O problema é saber a quem serviram, num caso, e ainda servem, no outro. E como. A que tipo de consultoria dedicaram-se ou se dedicam? Abrir portas ou colocar sua experiência e capacidade à disposição de quem delas necessite? Não se trata de terem agido assim enquanto ministros. A ninguém será dado supor comportamento tão distorcido. Só que tendo em vista a proximidade entre as duas atividades, de conduzir a administração, antes, e de orientar iniciativas junto a atuais administradores, depois, o natural é que os dois consultores e a infinidade de outros espalhados pelo país abram seus contratos. Demonstrem haver trabalhado com ética nas novas funções, sem entrelaçar relacionamentos e conhecimento privilegiado de que dispunham para embasar negócios atuais de que vão dispor seus clientes. Feito isso, tudo bem. Caso contrário, melhor tomar cuidado...
Depois de deixar o ministério da Fazenda e mesmo antes de reeleger-se deputado, Antônio Palocci dedicou-se a prestar consultoria a quem procurasse sua recém-criada firma. José Dirceu fez a mesma coisa, até viajando ao exterior para atender clientes.
Ganharam muito dinheiro, os dois. Só eles? Nem pensar. O que há de consultores faturando pelo país inteiro daria para lotar um estádio de futebol em dia de clássico.
Torna-se necessário, porém, para os consultores e seus contratantes, praticar a transparência. Se é um negócio lícito como qualquer outro, convém não misturar passado e presente, para não turvar o futuro.
Nos tempos do regime militar, era comum empresas grandes e pequenas contratarem um general, almirante ou brigadeiro recém-transferidos para a reserva para ajudá-los em suas relações com o poder. Criaram-se as figuras dos “abridores de porta”, que por suas relações anteriores com os governantes obtinham rapidez e facilidades para os pleitos de seus empregadores. Coisa feia que gerou até a cassação de um senador, pelo general Ernesto Geisel, só porque o indigitado representante de Pernambuco aconselhou um amigo a “contratar também o seu general”.
No universo dos negócios a moda envolveu antigos ministros e altos funcionários do governo que, passado seu tempo na administração pública, logo fundavam bancos e financeiras, muitos para faturar relacionamentos anteriores e informações privilegiadas que traziam, como aconteceu nos anos do sociólogo.
No governo Lula, as coisas ficaram mais objetivas, como demonstram os casos de Palocci e Dirceu. Desligados de antigas funções na Fazenda e na Casa Civil, a lei não os impediu de prestar serviços a empresas e empresários. Enriqueceram. O problema é saber a quem serviram, num caso, e ainda servem, no outro. E como. A que tipo de consultoria dedicaram-se ou se dedicam? Abrir portas ou colocar sua experiência e capacidade à disposição de quem delas necessite? Não se trata de terem agido assim enquanto ministros. A ninguém será dado supor comportamento tão distorcido. Só que tendo em vista a proximidade entre as duas atividades, de conduzir a administração, antes, e de orientar iniciativas junto a atuais administradores, depois, o natural é que os dois consultores e a infinidade de outros espalhados pelo país abram seus contratos. Demonstrem haver trabalhado com ética nas novas funções, sem entrelaçar relacionamentos e conhecimento privilegiado de que dispunham para embasar negócios atuais de que vão dispor seus clientes. Feito isso, tudo bem. Caso contrário, melhor tomar cuidado...
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