Da colunista Monica Bergamo, da ‘Folha’.
“A presidente Dilma Rousseff recebeu 17 dirigentes estudantis no Palácio do Planalto anteontem. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, à direita da chefe, estimava que havia 2.000 manifestantes na passeata que a UNE organizou naquela manhã, por recursos para a educação. “Tinham 20 mil!”, protestam os estudantes. E Dilma: “Sempre tem discrepância. Se duvidarem, mandem contar de novo”.
O presidente da UNE, Daniel Iliescu, pede aprovação de lei que destina 50% dos recursos do pré-sal à educação. A presidente pede os óculos a um assessor; toma nota. “Não vamos engessar o fundo. Eu não sei qual é o gasto no cenário futuro. Não quero me antecipar. A função de vocês é estar à frente. Podem vir
aqui e falar mal. Eu já falei muito mal também.”
Os encontros dos líderes estudantis com a presidente, no entanto, são festivos. Há 15 dias, no Planalto, Iliescu deu um abraço em Dilma e cochichou: “O coração do movimento estudantil bate mais forte neste momento”. E Dilma: “O meu coração também”. Ele lembra que “a senhora já manifestou o desejo de entrar conosco no espelho d’ água do Congresso”. “Seria um momento áureo!”, interrompe Dilma, rindo.
“Se, em 2003, o presidente Lula não tivesse mudado o rumo, as universidades estariam sucateadas, o ensino técnico estaria acabado e vocês não teriam o ProUni. Seríamos muito mais do que um Chile”, diz Dilma.
Ausente da reunião com a presidente, Camila Vallejo, 23, musa estudantil chilena, participara um pouco antes da passeata da UNE. Protegendo-a com os braços o tempo todo, oferecendo água e protetor solar, os dirigentes da UNE não disfarçavam o encantamento. “Ela tá com o nosso adesivo, rapaz!”, gritava
Rodolfo Mohr, 24. Camila só andava de van e se hospedou num hotel. Os brasileiros andavam de ônibus e ficaram no Albergue da Juventude. “Camila tem agenda de deputado no Chile. Audiência a cada meia hora, gente para atender o celular dela, responder e-mail”, conta Renan Alencar, diretor da UNE. E atrai mídia: a entidade calcula que a chilena deu dez horas de entrevistas no Brasil. “Amo ela!! Antigamente, idolatravam o Che Guevara. Hoje temos uma líder que luta mesmo sofrendo repressão. Ela é muito linda. Perfeita!”, se empolga Ana Carolina Andes, 16.
Camila fuma. De boné (primeiro da UNE, depois do MST), quase não sorri diante do assédio. No final do dia, troca de blusa, passa batom e lápis nos olhos. Discursa para estudantes num auditório da Câmara. E até responde aos assobios:”Guardem para después [depois, em espanhol]“.
“A presidente Dilma Rousseff recebeu 17 dirigentes estudantis no Palácio do Planalto anteontem. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, à direita da chefe, estimava que havia 2.000 manifestantes na passeata que a UNE organizou naquela manhã, por recursos para a educação. “Tinham 20 mil!”, protestam os estudantes. E Dilma: “Sempre tem discrepância. Se duvidarem, mandem contar de novo”.
O presidente da UNE, Daniel Iliescu, pede aprovação de lei que destina 50% dos recursos do pré-sal à educação. A presidente pede os óculos a um assessor; toma nota. “Não vamos engessar o fundo. Eu não sei qual é o gasto no cenário futuro. Não quero me antecipar. A função de vocês é estar à frente. Podem vir
aqui e falar mal. Eu já falei muito mal também.”
Os encontros dos líderes estudantis com a presidente, no entanto, são festivos. Há 15 dias, no Planalto, Iliescu deu um abraço em Dilma e cochichou: “O coração do movimento estudantil bate mais forte neste momento”. E Dilma: “O meu coração também”. Ele lembra que “a senhora já manifestou o desejo de entrar conosco no espelho d’ água do Congresso”. “Seria um momento áureo!”, interrompe Dilma, rindo.
“Se, em 2003, o presidente Lula não tivesse mudado o rumo, as universidades estariam sucateadas, o ensino técnico estaria acabado e vocês não teriam o ProUni. Seríamos muito mais do que um Chile”, diz Dilma.
Ausente da reunião com a presidente, Camila Vallejo, 23, musa estudantil chilena, participara um pouco antes da passeata da UNE. Protegendo-a com os braços o tempo todo, oferecendo água e protetor solar, os dirigentes da UNE não disfarçavam o encantamento. “Ela tá com o nosso adesivo, rapaz!”, gritava
Rodolfo Mohr, 24. Camila só andava de van e se hospedou num hotel. Os brasileiros andavam de ônibus e ficaram no Albergue da Juventude. “Camila tem agenda de deputado no Chile. Audiência a cada meia hora, gente para atender o celular dela, responder e-mail”, conta Renan Alencar, diretor da UNE. E atrai mídia: a entidade calcula que a chilena deu dez horas de entrevistas no Brasil. “Amo ela!! Antigamente, idolatravam o Che Guevara. Hoje temos uma líder que luta mesmo sofrendo repressão. Ela é muito linda. Perfeita!”, se empolga Ana Carolina Andes, 16.
Camila fuma. De boné (primeiro da UNE, depois do MST), quase não sorri diante do assédio. No final do dia, troca de blusa, passa batom e lápis nos olhos. Discursa para estudantes num auditório da Câmara. E até responde aos assobios:”Guardem para después [depois, em espanhol]“.
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