sexta-feira, 9 de abril de 2010

RUMO AO SÉCULO 22.

Jornal do Brasil, rumo ao século 22.
RIO - O dia 9 de abril é um marco para a imprensa. Até então, os principais jornais produzidos no país ostentavam claramente uma cor como a sua associação a um movimento político. Porém, assim que a bandeira surgiu encimada sobre o prédio da Rua Gonçalves Dias, no Centro, em letras pretas sobre o branco, houve uma surpresa geral. Era uma afirmação, uma ousadia, o rompimento de fronteiras: o Jornal do Brasil podia ser de cunho monarquista, mas já marcava a posição ao diferenciar-se tão claramente em uma atitude transparente de isenção e neutralidade. A partir desse perfil, construiu-se a história de um veículo de imprensa que é, indubitavelmente, um patrimônio da história democrática do país. A identificação com uma trajetória sempre alinhada às grandes questões nacionais levou o único grande jornal a ostentar o nome do país como a própria marca a ser conhecido ou tratado por estrangeiros como “o” jornal do Brasil.
A vocação crítica e transparente preencheu milhares de páginas ininterruptamente ao longo desses 119 anos. Acompanhou o nascimento da República cuja maturidade hoje podemos celebrar. Levou ao cidadão brasileiro em todos os quadrantes uma dimensão tridimensional do que a intelectualidade é capaz de produzir, distribuindo conhecimento e funcionando como um canal para que este fosse irradiado cada vez mais longe. Antecipou movimentos sociais, apoiou ou rejeitou alterações que, no entender dos que produziam seu conteúdo, poderiam não ser as mais adequadas para um Brasil que buscava construir a sua história e consolidar-se enquanto nação junto aos outros protagonistas da cena mundial. Coragem foi uma palavra que nunca esteve ausente seja na redação, seja nas oficinas. Do linotipo ao computador, da rotativa Letterpress que fazia tremer o antigo prédio na Avenida Brasil à atualidade do sistema offset, acompanhamos as modificações no mundo que cercava este veículo mantendo a chama da curiosidade sempre acesa. Onde havia modernidade, sempre esteve o olhar atento do jornal buscando assimilar, compreender, reproduzir, distribuir, acelerar. Assim continuará, por ser esse o compromisso que pavimentou a trilha até aqui.
Um veículo só consegue chegar a marca tão expressiva de edições se tiver mantido, ao longo de sua história, o maior patrimônio que os que fazem imprensa podem reunir: a credibilidade. Pedra fundamental desde Joaquim Nabuco, Rodolfo Dantas, Aristides Espínola e Rui Barbosa, sustentou todas as pressões e ataques decorrentes do exercício da liberdade de expressão, alimentou um comportamento de resistência crítica que percolou todas as suas instâncias internas, é vivo e permanentemente estimulado pelos atuais investidores. O garrote do poder desafiado, em diversas ocasiões, com todas as maquinações venenosas, não foi capaz de superar a musculatura adquirida em décadas de independência.
Mesmo quando as circunstâncias econômicas mais o afligiram, o vigor editorial do Jornal do Brasil foi garantido a partir da crença de que a combatividade e a defesa permanente do interesse dos cidadãos costuram uma poderosa armadura contra a intolerância e a falta de ética. Não há temor do futuro, por ter sido este sempre um aliado em nossa caminhada. Estamos aí, viemos para ficar, e vamos rumo ao século 22.
23:29 - 08/04/2010

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