A candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) declarou nesta semana que José Dirceu, não terá lugar no seu governo caso seja eleita. Seu adversário, José Serra (PSDB) seguiu a mesma linha ao falar de Fernando Henrique. Segundo ele, ex-presidentes não podem ser aproveitados como colaboradores comuns. Em artigo deste domingo (25) Carlos Chagas traduz o que os dois queriam dizer. “apesar dos naturais elogios: fiquem de fora porque não há lugar para eles, nem agora nem depois”.
Por Carlos Chagas.
Coincidência ou não, na mesma semana os dois principais candidatos demonstraram a disposição de livrar-se de carga incômoda em suas respectivas campanhas. Não se trata de ingratidão e nem se fala da ação que vinham tendo ou poderiam ter Fernando Henrique Cardoso e José Dirceu na conquista de votos para Dilma Rousseff e José Serra. Muito menos no eventual governo de um dos dois candidatos. A verdade, porém, é que tanto o ex-presidente da República quanto o antigo chefe da Casa Civil vinham tentando ocupar espaços a eles não franqueados e acabaram recebendo um “chega para lá”.
Dilma Rousseff, num programa de televisão, afirmou ‘ter muito respeito pelo Zé, que não estará no cerne de seu governo. Sendo militante do PT, terá sempre seu lugar no partido. Não tem conversado com ele”.
Já José Serra, indagado numa emissora de rádio sobre qual o papel do sociólogo em seu governo, disse que ex-presidentes da República estão num patamar especial e não podem ser aproveitados como colaboradores comuns, devendo ser preservados por conta de seu passado.
Traduzindo, apesar dos naturais elogios: fiquem de fora porque não há lugar para eles, nem agora nem depois. É claro que nem Fernando Henrique nem José Dirceu acusaram o golpe, mas devem ter entendido perfeitamente os comentários. Serra e Dilma não querem oráculos nem corpos estranhos à sua sombra. Prevalece aquela máxima tão a gosto do falecido Antônio Carlos Magalhães: “não se deve nomear quem não se pode demitir”.
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