Por Carlos Chagas
Amanhã o presidente Lula deverá estar em Natal, Rio Grande do Norte, para inaugurações, mas à noite comparecerá ao comício de Dilma Roussef, coincidentemente na cidade.
Sexta-feira, depois de encontro com os presidentes do Paraguai e Uruguai, na fronteira, está prevista outra coincidência: em Porto Alegre, à noite, mais uma vez o presidente subirá no palanque da candidata.
O serviço jurídico da campanha de Dilma, de um lado, e a Advocacia Geral da União, de outro, concordam em que o Lula deve precaver-se, fazendo anotar as despesas de seu deslocamento, nas duas capitais, do local onde se hospedará depois de cumprir a agenda oficial, até os comícios, bem, como a volta. Aluguel de carros, pagamento dos seguranças e detalhes correlatos devem ser explicitados e saldados através do PT. Imaginam os advogados à disposição da candidata e do chefe do governo poder evitar denúncias à Justiça Eleitoral sobre participação indevida na campanha, como abuso de poder.
Essa cautela funcionou na reeleição do Lula, em 2006, como havia funcionado antes, quando Fernando Henrique disputou o segundo mandato. Naquelas oportunidades, voaram para diversas regiões do país em aviões comerciais fretados, participando de caravanas onde não se viam automóveis oficiais e subindo em palanques armados pelos respectivos partidos. Foi até mais complicado fazer as contas, mas elas acabaram aprovadas.
A pergunta que se faz é esses cuidados bastam para ocultar o principal, no caso, a presença do presidente da República na campanha, que a lei proíbe. Discute-se a versão de que fora da hora do expediente, o personagem se transfigura, tornando-se um cidadão comum, na posse do direito de expressar livremente seu pensamento e suas tendências. Não parece fácil, dada a evidência de que presidente é presidente em tempo integral, 24 horas por dia. Mesmo assim, a ninguém será dado imaginar outra punição ao Lula que não as desmoralizadas multas, das quais seus advogados recorrem.
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