quarta-feira, 28 de julho de 2010

O DIRETOR

DO BLOG - DoLaDoDeLá -  Com o gosto da liberdade.

Alô.
- Su, é você?
- Quem está falando?
- O quê, já esqueceu minha voz?
- Ah, agora sim. Nossa, que surpresa...
- Já faz um tempão, né Su?
- Desde que eu saí do salão (Su era maqueador num salão da Zona Sul).
- Vai fazer dez anos!
- Não espalha, hehehe.
- Quer almoçar comigo hoje?
- Hoje? Só se for rapidinho, porque minha vida está uma loucura.
- Coisa rápida.
- Onde?
- Vamos naquele quilinho do Leblon?
- Ótimo, te encontro lá à uma, pode ser?
- Fechado.
Assim que desligou o telefone, Su pensou: o que a faria me procurar anos depois? Imediatamente se lembrou de quando a conheceu. Era uma garota recém chegada ao Rio. O marido, jornalista, veio transferido. Uma vez por semana ela aparecia no salão para fazer pé e mão. Como toda garota do interior, era muito tímida. Estava sempre com a pequena de dois anos e carregava a sementinha do segundo dentro de si. A barriga cresceu, o menino nasceu e depois disso nunca mais se viram. O marido foi ascendendo na empresa e ela, provalvelmente, se dedicando exclusivamente à família e aos afazeres domésticos. Por alguma razão inexplicável, provavelmente intuitiva, Su farejou encrenca por perto. Por que razão as notícias sempre vinham bater à sua porta? Sem dúvida, Su era a "drag queen" mais bem informada do Rio sobre os segredos da Corte do Cosme Velho. (continua)

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