domingo, 15 de agosto de 2010

FRUTOS PERTOS DE SER COLHIDOS

Editorial, Jornal do Brasil
Em uma da últimas reuniões ministeriais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a sua equipe que estava se aproximando “a hora da colheita”. Pode ter dito a eles, mas estava de fato constatando que a expressão serve mesmo como uma luva para sua própria situação. Lula fez uma diversificada plantação, ao longo dos últimos anos e, principalmente, desde o início deste 2010, cuja colheita, pelo que indicam as pesquisas eleitorais, será feita no pleito para escolhermos seu sucessor.
A primeira delas foi ter feito um governo cujas políticas sociais bem executadas lhe renderam uma popularidade e uma aprovação absolutamente surpreendentes para alguém que completa oito anos no poder. Tal nível de aceitação faz com que o escolhido por Lula para sucedê-lo tivesse que ser muito ruim ou comprovadamente incompetente para não se valer da transferência de votos. Aparentemente, de novo recorrendo às últimas pesquisas, não é o caso de Dilma Rousseff, que sem nunca ter participado de qualquer outra eleição já ouve previsões de que pode vencer a estreia no primeiro turno.
As outras ações de Lula, que renderão vantagem agora a sua afilhada, foram engendradas desde janeiro, quando o presidente promoveu uma verdadeira varredura nos partidos aliados, para garantir que eles gravitassem em torno de Dilma - cujo caso mais barulhento foi o convencimento a Ciro Gomes de desistir da aventura de concorrer contra o PT.
As alianças e costuras presidenciais renderam à candidata petista uma bela vantagem em termos quantitativos de tempo no horário eleitoral gratuito. Um dado que tem sido pouco comentado é que essa vantagem se dá não só no programa eleitoral mas também nas curtas inserções dos candidatos ao longo do dia nas programações da TV. É isso que acaba fixando o nome e a imagem dos concorrentes. Muitos eleitores não têm paciência para ver os programas eleitorais e desligam a TV, o que não fazem quando acompanham o intervalo da programação normal.
E, para completar, o trabalho pessoal de Lula garantiu a Dilma Rousseff dezenas de palanques pelo Brasil afora. Em algumas capitais e em muitas cidades importantes, ela tem mais de um palanque. Pode até ser bom para os candidatos ter tal chancela, mas melhor mesmo é para a petista, que ganha muito em exposição. O governo só não conseguiu grandes êxitos em São Paulo, território flagrantemente tucano, onde o candidato Geraldo Alckmin deve passear rumo à vitória para governador.
A eleição não está ganha – isso só acontecerá quando o último voto, no primeiro ou no segundo turno, tiver sido computado. Mas, pelo andar da carruagem, a tal hora da colheita, à qual Lula se referia em relação aos ministros, será festejada pela situação.

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