Por Antero Greco
Jonas teve o melhor ano de sua carreira, ao ser artilheiro do Brasileiro de 2010. Ganhou prêmios, respeito e prestígio nacionais. Virou um dos pontos de referência do Grêmio. Agora, às vésperas de o time começar disputa por vaga na chave principal da Libertadores, bate asas e vai para o Valencia. Para tanto, segundo a diretoria do clube gaúcho, pagou o 1,25 milhão de euros (em torno de R$ 3 milhões) referente à multa rescisória. Valor irrisório.
O rompimento de Jonas com o Grêmio aparentemente foi rápido. Ainda na sexta-feira jogou com o São José, fez os gols, mas se desentendeu com a torcida, ao retrucar as vaias que recebia. O episódio foi relevado pelo técnico Renato Gaúcho, mas já era indício de que algo não ia bem. Afinal, não faz sentido um jogador se estressar com cobranças do público já nas primeiras apresentações de uma temporada.
A saída de Jonas em si não tem nada de novidade. Faz muito tempo que os clubes brasileiros se tornaram entrepostos de atletas. Com raras exceções, a impressão que se tem é a de que os rapazes ficam por aqui apenas à espera de propostas do exterior. É possível contar nos dedos aqueles que fazem história de fato, antes de ir embora. Desde as categorias de base, a moçada diz sem rodeios que o negócio é cavar lugar no time principal, jogar bem, fazer nome e se mandar. O blablablá de sempre, mas direito de todos.
O problema, no caso de Jonas, é o valor da multa. Quando houve a renovação de contrato, um tempo atrás, a diretoria do Grêmio não botava muita fé no atacante e aceitou exigência de seus procuradores, de que a compensação por eventual ruptura fosse baixa. Os representantes do jogador apostavam em sua valorização; os cartolas, não. Preferiram deixar tudo ao acaso – e o resultado aí está: o destaque do time no ano passado sai por uma ninharia. Os espanhois devem estar rindo à toa.
Os novos mandatários do Grêmio alegam que a culpa é da gestão anterior. Pode até ser, porém a discussão não vai resolver a baixa no grupo. O tema servirá para discussões internas e que sirva para o tricolor rever sua estratégia com o elenco. O episódio revela a necessidade, urgente, de os times brasileiros serem guiados de forma profissional. Não basta mais colocar abnegados, torcedores fanáticos ou beneméritos em funções que exigem preparo.
É chegada a hora de ter gente que saiba lidar, de forma correta, transparente, eficiente, com números, com contratos de jogadores, com detalhes jurídicos. Homens que saibam tratar desses assuntos como gestores, como executivos de empresas e não apenas curiosos. Enquanto isso não acontecer, casos como o de Jonas vão repetir-se a todo momento. Ganharão empresários e os clubes estrangeiros. Por aqui, ficaremos a chupar dedo.
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