DO BLOG DO NOBLAT.
O que aconteceria se um avião das Forças Armadas da Argentina tentasse entrar nos Estados Unidos com elementos sem declarar como armas, drogas, medicamentos vencidos e equipamentos sofisticados de interceptação de comunicações? Logicamente seria barrado.
O que aconteceria se um avião das Forças Armadas da Argentina tentasse entrar nos Estados Unidos com elementos sem declarar como armas, drogas, medicamentos vencidos e equipamentos sofisticados de interceptação de comunicações? Logicamente seria barrado.
Foi exatamente isso o que aconteceu em Buenos Aires no último dia 10 de fevereiro. Um avião das Forças Armadas dos Estados Unidos foi revistado ao pousar em Ezeiza e teve parte de seu carregamento apreendido.
Segundo o governo argentino, a aeronave levava membros do Departamento de Defesa americano que dariam um curso de formação para situações de crise à Polícia Federal, mas o material que tinham a bordo não era exatamente o que havia sido acordado entre os dois países.
O chanceler Héctor Timerman afirma que o equivalente a 1/3 da carga - ou 28 metros cúbicos de material - não estavam na lista declarada, como metralhadoras e equipamentos de escuta.
E acrescenta que os militares traziam ainda uma mala verde, que durante seis horas os americanos se negaram a abrir. Após muita negociação, concordaram em mostrar seu conteúdo. No interior, aparatos com códigos secretos e drogas como morfina, ketamina (alucinógeno) e nalbuphina (opiácido altamente aditivo).
A ação do governo argentino, que pediu uma "explicação satisfatória" sobre a presença de material "não declarado", gerou atrito com a diplomacia norte-americana que, por sua vez, reconheceu que houve “discrepâncias” entre a carga declarada e a oficial.
As autoridades representantes do governo daquele país se dizem “perplexos” com a repercussão do caso.
Timerman informou que é a segunda vez que militares norte-americanos tentam entrar na Argentina com material não declarado. A primeira foi em agosto de 2010 e o carregamento incluía fuzis, pistolas, lança-granadas.
Não pretendia abordar esse assunto aqui na coluna, mas resolvi me manifestar porque os principais jornais da Argentina, Clarín e La Nación, saíram com posturas absolutamente pró-americanas e muita gente no Brasil os tem como fonte de referencia aqui.
Ambos publicaram manchetes como “Estados Unidos perplexo e preocupado”, “Estados Unidos pedem que devolvam as armas”, “Washington insiste: É um conflito sério e sem precedentes”.
Os jornais locais dizem que a presidente Cristina Kirchner estaria enciumada com a possível não vinda de Barak Obama á Argentina em sua próxima passagem pela América Latina; que o governo exagerou e que o chanceler está com os dias contados. Pode até ser.
Mas há outras manchetes que não estas.
Basta ler outros jornais. Basta saber um pouco de história. Basta olhar para trás.
Segue o link da entrevista do chanceler, para os interessados.
Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha
Nenhum comentário:
Postar um comentário