Por Carlos Chagas.
Nas poucas horas em que permanecerá no Uruguai, hoje, a presidente Dilma Rousseff será substituída pelo vice Michel Temer. Na base aérea de Brasília, a transmissão do cargo imitará a cerimônia do cachimbo da paz que os militares americanos celebravam com os peles-vermelhas, assegurando-lhes a permanência em terras que logo depois seriam tomadas. Nem Dilma nem Temer fumam, mas a dúvida é saber quem será o general Custer. Porque o dia de Little Big Horn está próximo. Depois dos inusitados acontecimentos da semana passada, unem-se as diversas tribos do PMDB para cercar e tentar liquidar o general Antônio Palocci. Tanto faz, pois a verdade é que apesar de uma suposta vitória efêmera, com o passar do tempo os índios acabarão dizimados e confinados em sórdidas reservas ministeriais, com os brancos ocupando todo o território.
A imagem sugere o PMDB sendo afinal vencido pela força do governo. Dos seis ministros que o partido indicou, até agora três já fizeram chegar à presidente Dilma que ficam com ela. Os outros três estão chegando. Ao mesmo tempo as bancadas no Congresso já começaram a se dispersar, abandonando o chefe Cavalo Louco, perdão, Henrique Alves. Que digam os senadores, prontos para alterar o texto do Código Florestal de acordo com as instruções do palácio do Planalto.
Em suma, prevalece aquela história de que ganha quem tem a caneta, não o cachimbo. O PMDB acabará confinado às suas reservas.
MISTÉRIO.
O governo exagera na mania de investigar as fontes de qualquer notícia que pareça incômoda. Preocupa-se mais com o meio do que com a mensagem. Essa distorção nasceu junto com o PT, naqueles idos sob intensa barragem de fogo de adversários intransigentes que não admitiam um partido verdadeiramente de esquerda, disposto a ser diferente dos outros. Agora que não é mais, nivelando-se ao conjunto fisiológico e interesseiro, o PT contamina o governo com a obsessão não só de saber a origem das informações, mas, de quando em quando, até de tentar impedi-las. Precisam ser lembradas as lições do saudoso comandante Amaral Peixoto, presidente do PSD: “notícia não se desmente. Dá-se outra...”
O mistério, semana passada, era saber quem havia passado para a imprensa detalhes do diálogo amargo entre Antônio Palocci e Michel Temer. Pode ter sido muita gente...
À ESPERA DA TRÉPLICA.
Sábado, a vitória foi de Aécio Neves, derrotado na batalha do ano passado pela candidatura tucana de José Serra, agora vencido na tentativa de presidir o PSDB e até mesmo o Instituto Teotônio Vilela. Ficará confinado a um Conselho Político sem regras nem espaço para funcionar. É bom que se preparem os vencedores liderados pelo ex-governador de Minas, porque Serra, desde ontem, prepara a tréplica. Há quem suponha que ela virá com sua candidatura a prefeito de São Paulo, ano que vem.
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