DO GOVERNO DILMA E OUTROS TEMAS - ZONA DO EURO COMBINA FRAGILIDADE FINANCEIRA E DERIVA POLÍTICA: O TITANIC DO COLAPSO MUNDIAL? "Estamos diante de uma crise mutante (...) a salvação terá que vir da política. Não podemos mais cometer erros. Ou haverá uma solução comum ou não haverá solução. Como no Titanic, não se salvarão nem os passageiros de primeira classe". As palavras de Giulio Tremonti, o ortodoxo ministro das Finanças de Berlusconi, refletem o espírito de incerteza e apreensão que predomina na zona do euro, asfixiada por um duplo torniquete de deriva política e corrosão financeira progressiva. Sem ferramentas para disciplinar os mercados, a UE encontra-se paralisada por divergências políticas e ideológicas entre seus líderes. A principal trinca na cúpula do euro remete à forma como será rateado o calote inevitável da Grécia, que poderá antecipar o default de outros insolventes, como Portugal e Irlanda, sem afastar o risco de um contágio que pode arrastar também a Espanha e a Itália. Os bancos privados não aceitam realizar perdas dos créditos concedidos aos Tesouros desses países. Depois de se locupletaram no ciclo de alta da especulação, pretendem agora sair da festa sem pagar o prejuízo, vendendo integralmente seus títulos aos governos pelo valor de face. Por incrível que pareça, vem da dama de ferro prussiana, Angela Merkel, a resistência maior a essa estripulia da banca. Outros até mais progressistas, como JoséLuis Zapatero, da Espanha, temem que uma imposição de perdas aos mercados gere uma fuga em massa de investidores, precipitando o colapso dos elos mais frágeis da corrente do euro. Nesse vácuo institucional, os mercados desregulados exercem sua natureza predadora como se não houvesse amanhã. Nesta 5º feira, depois de acossada por ataques especulativos desde o início da semana, por conta de uma dívida pública superior a 120% do PIB, a Itália, terceira maior economia do euro, selou um armistício com seus credores, levando à aprovação do Senado um novo degrau de arrocho, com cortes de despesas superiores a 70 bilhões de euros. Quem vai pagar o banquete da reconciliação? Aposentados: pensões mais altas serão congeladas; as demais serão erodidas pela introdução de um fator previdencários; classe média: pagará mais impostos, com o fim de isenções; trabalhadores: arrocho vai gerar queda na oferta de empregos; população em geral: empresas públicas serão privatizadas; serviços essenciais terão cortes orçamentários. Mesmo assim, os mercados exigiram a sobremesa: impusera uma taxa de juros recorde, a mais alta em 15 anos, para comprar novos títulos da dívida pública italiana nesta manhã de 5º feira. Essa é a paz possível com o laissez faire rentista. (Carta Maior; 5º feira 14/07/ 2011)
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