Continuamos assistindo a um festival de desencontros, avanços e recuos do governo e de sua base parlamentar. Afinal, a presidente Dilma Rousseff demitiu com desonra quatro altos funcionários do ministério dos Transportes, e depois, o próprio ministro, para deixar aquele setor da administração federal nas mãos da mesma quadrilha do PR, que o dilapidava? Se não era assim, por que convidou o senador Blairo Maggi para novo ministro? Se estava mesmo determinada a fazer de Paulo Passos o titular do ministério, por que demorou tanto para confirmá-lo? E o PR, que repudiou a designação interina do secretário-executivo do ministério, como logo depois curvou-se à sua nomeação? Dilma participou ou não a senadores do PR haver-se decidido por Paulo Passos? O palácio do Planalto diz que sim, Blairo Maggi, que não. Mas tem mais: Luiz Antônio Pagot prometeu revelar que autoridades situadasno governo Lula e no PT, acima dele, decidiam a respeito do superfaturamento de obras rodoviárias, mas, depois, desmentiu a intenção. Teria sido pressionado pela cúpula do PR, tendo esta se acertado com a presidente da República? Afinal, houve roubalheira ou não, no ministério dos Transportes? Quem será responsabilizado? Quem vai pagar?
Um adendo: e as empreiteiras, as que contribuíram com altas comissões e propinas para dirigentes do PR, serão identificadas, consideradas inidôneas, perdendo seus contratos?
O PARTO DA MONTANHA.
Como acontece faz tempo, a montanha gerou um rato. Na administração pública, sempre que alguém se vê caído em desgraça, começa fazendo ameaças. Anuncia que contará tudo o que se passou nos bastidores, acusando autoridades superiores como responsáveis pelas irregularidades causadoras de seu infortúnio. Põe o mundo em polvorosa, sem saber se fala a verdade e se efetivamente dispõe de provas contra seus superiores. No fim, é convencido a calar, sabe-se lá porque variados métodos de persuasão.
Uma única frase de Luiz Antônio Pagot em seu depoimento de ontem, no Senado, condensa essa prática centenária entre nós: “ele nunca me exigiu nem me pediu nada”.
Ele, no caso, é o ministro Paulo Bernardo, que ocupava o Planejamento no governo Lula e há dias foi denunciado por Pagot como quem ditava o comportamento do Dnit, inclusive escolhendo empreiteiras de obras e autorizando superfaturamentos. De repente, a acusação se esvai, o depoente nega tudo o que antes vazou para a imprensa. Alguma coisa terá acontecido, nesse interregno. Entre mortos e feridos salvaram-se todos. Pagot não fez denúncias e a culpa, como sempre, será debitada aos meios de comunicação.
Um adendo: e as empreiteiras, as que contribuíram com altas comissões e propinas para dirigentes do PR, serão identificadas, consideradas inidôneas, perdendo seus contratos?
O PARTO DA MONTANHA.
Como acontece faz tempo, a montanha gerou um rato. Na administração pública, sempre que alguém se vê caído em desgraça, começa fazendo ameaças. Anuncia que contará tudo o que se passou nos bastidores, acusando autoridades superiores como responsáveis pelas irregularidades causadoras de seu infortúnio. Põe o mundo em polvorosa, sem saber se fala a verdade e se efetivamente dispõe de provas contra seus superiores. No fim, é convencido a calar, sabe-se lá porque variados métodos de persuasão.
Uma única frase de Luiz Antônio Pagot em seu depoimento de ontem, no Senado, condensa essa prática centenária entre nós: “ele nunca me exigiu nem me pediu nada”.
Ele, no caso, é o ministro Paulo Bernardo, que ocupava o Planejamento no governo Lula e há dias foi denunciado por Pagot como quem ditava o comportamento do Dnit, inclusive escolhendo empreiteiras de obras e autorizando superfaturamentos. De repente, a acusação se esvai, o depoente nega tudo o que antes vazou para a imprensa. Alguma coisa terá acontecido, nesse interregno. Entre mortos e feridos salvaram-se todos. Pagot não fez denúncias e a culpa, como sempre, será debitada aos meios de comunicação.
VEXAME.
Vexame, mesmo, ontem, nessa lambança envolvendo Luiz Antonio Pagot, o PR e o governo, foi a súbita interrupção da transmissão do depoimento do ex-diretor-geral do Dnit nas Comissões de Infra-estrutura e Meio Ambiente do Senado. Quando eram formuladas as primeiras indagações capazes de elucidar denúncias de corrupção no ministério dos Transportes, a TV-Senado entrou com imagens de uma reunião da Comissão de Economia onde se discutiam empréstimos para o governo do Rio de Janeiro. Trocaram Pagot pelo Pezão. Fica difícil acreditar que tudo não passou da aplicação dos postulados da emissora, dentro da hierarquia de transmissão dos trabalhos das comissões. Obviamente vieram de cima ordens para tirar do ar uma discussão que deixava todo mundo mal, a começar pelo governo.
Adiantou muito pouco, pois a imprensa inteira continuou acompanhando o depoimento de Pagot. Infelizmente, tratou-se de mais uma demonstração de estarem os meios de comunicação estatais e públicos submetidos a forças e a interesses situados além da natureza do jornalismo, que é divulgar os fatos importantes.
EM RITMO LENTO.
Com todo o respeito, mas acaba de ser encenada outra novela-tartaruga. Há três semanas que os supermercados Pão de Açúcar e Carrefour anunciaram a disposição de se unir numa só empresa, sob os auspícios do BNDES, que entraria com 4 bilhões de reais. Mais do que surpresa, a informação despertou indignação. Por que usar recursos públicos num negócio exclusivamente privado? Apesar da gritaria na imprensa e no Congresso, o governo endossou a fusão das empresas. A chefe da Casa Civil confirmou e apoiou o ingresso dos recursos do BNDES.Agora vem a presidente Dilma e dá o dito pelo não dito. Quer aquele banco público de desenvolvimento econômico e social fora da operação privada. Uma decisão acertada, mas profundamente lenta. O desgaste é evidente, para o governo.
Vexame, mesmo, ontem, nessa lambança envolvendo Luiz Antonio Pagot, o PR e o governo, foi a súbita interrupção da transmissão do depoimento do ex-diretor-geral do Dnit nas Comissões de Infra-estrutura e Meio Ambiente do Senado. Quando eram formuladas as primeiras indagações capazes de elucidar denúncias de corrupção no ministério dos Transportes, a TV-Senado entrou com imagens de uma reunião da Comissão de Economia onde se discutiam empréstimos para o governo do Rio de Janeiro. Trocaram Pagot pelo Pezão. Fica difícil acreditar que tudo não passou da aplicação dos postulados da emissora, dentro da hierarquia de transmissão dos trabalhos das comissões. Obviamente vieram de cima ordens para tirar do ar uma discussão que deixava todo mundo mal, a começar pelo governo.
Adiantou muito pouco, pois a imprensa inteira continuou acompanhando o depoimento de Pagot. Infelizmente, tratou-se de mais uma demonstração de estarem os meios de comunicação estatais e públicos submetidos a forças e a interesses situados além da natureza do jornalismo, que é divulgar os fatos importantes.
EM RITMO LENTO.
Com todo o respeito, mas acaba de ser encenada outra novela-tartaruga. Há três semanas que os supermercados Pão de Açúcar e Carrefour anunciaram a disposição de se unir numa só empresa, sob os auspícios do BNDES, que entraria com 4 bilhões de reais. Mais do que surpresa, a informação despertou indignação. Por que usar recursos públicos num negócio exclusivamente privado? Apesar da gritaria na imprensa e no Congresso, o governo endossou a fusão das empresas. A chefe da Casa Civil confirmou e apoiou o ingresso dos recursos do BNDES.Agora vem a presidente Dilma e dá o dito pelo não dito. Quer aquele banco público de desenvolvimento econômico e social fora da operação privada. Uma decisão acertada, mas profundamente lenta. O desgaste é evidente, para o governo.
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