sexta-feira, 15 de julho de 2011

ITÁLIA

A SOLUÇÃO DE MERCADO PARA A CRISE AJUSTE  SALVA  A 1º CLASSE DO TITANIC - De forma indiscriminada o 'ajuste' aprovado pelo Senado italiano, na madrugada da 5º feira, destinado a saciar os apetites dos mercados  e evitar a fuga de capitais que começou na Grécia, atingiu Portugal e Espanha e agora mirava a Itália , sacrificou assalariados, aposentados, estudantes, famílias em início de vida, inválidos, pensionistas, crianças, doentes  e outros segmentos mais  frágeis da sociedade. Eles serão os principais  atingidos pelo corte de 5% das isenções fiscais até 2013; a partir de 2014, suportarão cerca de  20% do total dos cortes fiscais planejados, somando 24 bilhões de euros. O valor representa quase um terço do 'ajuste' superior a 75 bilhões de euros ofertado para acalmar  bancos e rentistas que detém títulos da dívida pública italiana, calculada em 1,8 trilhão de euros  (equivalente a 120% do PIB e maior do que a soma das dívidas da Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda juntas). Outros 60% dos cortes sairão de novos ingressos, ou seja, impostos sobre salários. O atendimento à saúde será encarecido pelo fim das isenções. Empresas públicas, como correios e ferrovias serão privatizadas.  Hoje o pacote, aprovado pelo Senado, vai à apreciação da Câmara. A Itália já teve um dos Partidos Comunistas mais organizados do mundo. E um sindicalismo operário de força inquestionável na defesa dos direitos dos trabalhadores. Ao  discursar em defesa do pacote, o ministro da Economia, o ortodoxo Giulio Tremonti --homem de confiança dos mercados --  advertiu seus colegas europeus que qualquer  hesitação diante da crise levaria a um desastre semelhante ao do Titanic, 'no qual nem os passageiros da 1º classe se salvariam'. O ministro mostrou o caminho para salvar a 1º classe e, ao mesmo tempo, satisfazer o poder financeiro. Basta jogar os pobres ao mar, coalhado de tubarões. Como disse Antonio Candido em entrevista ao Brasil de Fato: "O lado humano do capitalismo foi arrancado dele pelo socialismo". Sem esse contrapeso, resta a barbárie.  (Carta Maior; 6º feira 15/07/ 2011)

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