quinta-feira, 14 de julho de 2011

SEM FUSÃO

Você que acreditou na lorota de que o BNDES se associar à fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour equivaleria a “dar” dinheiro ao bilionário Abílio Diniz, tem que saber de uma coisa: a mídia que bombardeou a tentativa do governo de impedir que o setor supermercadista caísse nas mãos do Walmart e que tal setor passasse a ser inteiramente controlado por estrangeiros é a mesma que apoiou que o mesmo BNDES financiasse a privataria tucana.
No caso do setor elétrico, o aporte do BNDES foi de 100% e a compradora AES, por exemplo, não pagou em dia nem a primeira prestação. Ao longo dos oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso, as privatizações somaram 78,61 bilhões de dólares e os investidores estrangeiros contribuíram com míseros 53% do total. Essa revoltante privataria feita com dinheiro público ainda atingiu o sistema Telebrás e a mineradora Vale do Rio Doce.
Enquanto a mídia alegava que as negociatas eram sinônimos de “modernidade”, tratava de aproveitar a moleza tucana comprando o que era privatizado.
O Estadão, por exemplo, comprou parte da operadora de celulares BCP,  hoje Claro, valendo-se do BNDES, é claro. Alguém consegue imaginar maior falta de ética do que um órgão de imprensa defender furiosamente política pública que o beneficiava alegando agir em nome do “interesse público”?
De qualquer forma, agora é tarde.
O negócio foi para o brejo.
O Walmart deve comprar o Carrefour e, assim, controlará ao menos 40% do setor supermercadista. E o que é melhor – para os americanos: sem que o Estado brasileiro ou qualquer grupo privado nacional possam interferir nas compras, que serão direcionadas a produtos estrangeiros em detrimento da indústria nacional, sem falar nos lucros de setor tão dinâmico que voarão para o exterior.
O prejuízo para o país é incalculável.
Sobretudo para o trabalhador do setor, porque todos sabem como a mega transnacional Walmart trata seus empregados.
E, como noticiou o portal Terra, o Walmart já anunciou que, a partir do ano que vem, tratará de comprar o que resta da concorrência de peso, o que fará surgir um gigantesco oligopólio que materializará as previsões sombrias daqueles que embarcaram na lorota da direita midiática.

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