sexta-feira, 15 de julho de 2011

CHAPEUZINHO VERMELHO

Ilustração de Gustave Doré (1832-1883) para o livro “Contes de Perrault”, edições Stahl-Hetzel, 1862.
A história de Chapeuzinho Vermelho a que nos habituamos, não é a versão de Charles Perrault.
A lenda da menina que se depara com o lobo na floresta, e que circulava oralmente por toda a Europa havia muitos e muitos anos, recebeu de Perrault não só tratamento literário, como um fundo moral acentuado: em quem e como confiamos, é o que irá determinar as consequências que sofreremos.
Gustave Doré, o grande ilustrador francês do século XIX, autor de algumas das mais famosas gravuras de todos os tempos, captou perfeitamente bem o espírito da trágica história de Chapeuzinho Vermelho, na versão de Perrault.
O olhar curioso e meio assustado da menina, o lobo mal disfarçado de avó, os contrastes e matizes da gravura, a dramatização rebuscada, fazem dessa lâmina um dos mais característicos exemplos do talento de Doré.
O lobo é um predador natural na floresta e por ser mais real do que bruxas ou ogres, assusta mais.
É quase sempre uma metáfora para o homem sexualmente predador.
A maioria das versões posteriores procura omitir a conotação sexual do convite do lobo disfarçado de avó: “Venha deitar-se ao meu lado”.
Como nos mostra Doré, Charles Perrault conta a história de modo realista, confirmando seu conselho de que não se deve falar com estranhos: não aparece caçador algum, e o lobo acaba por devorar a menina.

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