sexta-feira, 28 de maio de 2010

ELIANE CANTANHÊDE. - (kkkkkkk)

Foi uma cacetada.
O solene "não" de Aécio Neves para ser vice na chapa de José Serra pega a oposição de jeito e deixa o candidato na mão. A alternativa para vice era Aécio ou Aécio. Em não sendo ele, ocorrem automaticamente dois efeitos: os partidos da coligação tendem a se engalfinhar pela vaga, e qualquer um que seja escolhido será sempre o que foi porque Aécio não quis. Não chega a ser emocionante.
Há também a questão da oportunidade, pois a negativa de Aécio ocorre justamente quando Dilma Rousseff empata com Serra, deixando a oposição nervosa. Uma interpretação legítima é que Aécio fez os cálculos, olhou o horizonte e não apostou nas chances de vitória.
E há, por fim, um punhado de interrogações no rastro da decisão de Aécio: sem ser vice, até que ponto ele vai se envolver com a campanha além das formalidade e atrair votos para Serra? E como fica o poderoso eleitorado de Minas, segundo colégio eleitoral do país?
O passado condena Aécio, que é inequivocamente o principal líder político de Minas, sempre tem expressivas votações e já mostrou que é capaz de transferir montanhas de votos. Mas tem que querer. Há sérias dúvidas se realmente quis em 2002, quando Serra foi o candidato tucano, e em 2006, com Geraldo Alckmin concorrendo. Lula deu de lavada no Estado nas duas vezes.
Olhando para a frente, Serra tem três opções. Pela ordem: indicar um vice do PP, que engrossaria o tempo de TV; pinçar um do DEM no Nordeste; e, "se não tem tu, vai de tu mesmo" - a chapa puro-sangue.
Péssimo para Serra? Mas ainda pode piorar. Basta ele chegar à convenção de 12 de junho só, sem Aécio e sem vice nenhum.
As perspectivas de Aécio, porém, não são melhores: quatro anos num Senado às traças, para bater de frente com o candidato Lula em 2014, não é o melhor dos mundos. A não ser que, ao contrário de Serra para a vice, Aécio tenha um mirabolante plano B. A ver.

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