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Acordo CBF-Globo evidencia crise do jornalismo, mas não isenta Dunga de sua falta de educação.
O portal UOL, com matéria de Maurício Stycer, divulga que o xingamento de Dunga a Alex Escobar veio na sequência de sua negativa em atender a acordo firmado pela TV Globo e Ricardo Teixeira, que permitiria entrevistas exclusivas à emissora carioca. Isso não significa que o técnico da Seleção tenha o direito de xingar o jornalista, como fez. Um erro não justifica o outro. Mas o acordo da principal emissora de TV do país com a maior esfera de poder do futebol brasileiro evidencia a falência do jornalismo. Incrível como as pessoas perdem a noção da responsabilidade de dar informação. Ela não pode estar vinculada a acordos, trocas, favores. Jornalista não tem amigo, nem inimigo. Tem fonte. Se for diferente, a troca de favores indica a um dos lados a ideia de que terá alguma coisa em troca, a omissão de uma informação comprometedora ou a divulgação de um fato favorável.
Não pode ser assim.
Nos veículos sérios, as notícias são dadas de acordo com sua relevância editorial. A indicação de um acordo entre a cúpula de uma emissora ou jornal com uma esfera de poder, qualquer uma, tira a credibilidade de qualquer outra informação veiculada por esse meio de comunicação.
Isso não significa que o técnico da Seleção tenha o direito de xingar um comentarista do canal deva ser xingado. A postura de Dunga, em se negar a atender compromisso entre a TV e a presidência da CBF revela sua dignidade. Mas chamar o jornalista de “merda e bundão” índica apenas sua falta de educação. Alex Escobar não faz parte da cúpula da TV Globo. É funcionário da emissora. Não foi ele quem negociou com Ricardo Teixeira, levando em conta a correção da informação do UOL. Culpada é a política da emissora.
O erro de Alex Escobar no episódio é atender ao celular dentro da sala de entrevistas coletivas. Por fazer isso, poderia receber um pedido “Você pode falar ao celular fora da sala, por favor.”
Por favor, muito obrigado... Esse é o vocabulário de qualquer pessoa que tenha o mínimo de boa educação. O máximo, também, que se pode dizer ao agendar uma entrevista. Triste que gente, dentro e fora da profissão, não tenha exata noção do papel do jornalista.
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