Assim como o drible, que tem só Messi como representante digno na Copa, o passe se vai.
ESTA COLUNA tem o doloroso dever de informar que o passe, o passe que consagrou mestre Didi, Gérson, Rivellino, tantos, está na UTI, a um passo de desaparecer.
Assim como o drible que, aos poucos, foi desaparecendo, a ponto de apenas termos em Lionel Messi, nesta Copa africana, alguém capaz de nos lembrar dessa arte imortalizada por Mané Garrincha, Pelé, Tostão, tantos.
O que vimos em 96 minutos de jogo entre Brasil e Portugal, no lindo e acolhedor estádio de Durban, foi prova eloquente disso, em um 0 a 0 que só não foi modorrento porque foi disputado e até violento, com sete cartões amarelos só no primeiro tempo, o que não foi ruim.
Mas dribles não foram vistos pelos mais de 62 mil torcedores. E passes certos, quase também não, embora os errados tenham acontecido em profusão, a maior parte deles graças ao nosso valoroso Gilberto Silva, embora distribuídos quase igualmente por todos.
A ponto de irritar profundamente o técnico Dunga que, se não era um virtuoso na arte de passar, era preciso, nos curtos e nos de longa distância, melhor passador, aliás, na Copa de 1994, nos Estados Unidos.
Só que não tinha ninguém no meio de campo brasileiro capaz de fazer as duas coisas, apesar de, justiça seja feita, até perder a cabeça e quase ser expulso de campo, o bem substituído Felipe Melo tenha se destacado na função, o que por si só dá a medida da extrema gravidade da situação.
Alguém já disse, acho que Armando Nogueira, que, entre o passe e o gol, preferia o drible. Mas, se os gols têm sido raros, os dribles quase inexistentes e os passes mais errados do que certos, o que restará ao futebol, ou melhor, o que viemos ver aqui?
Claro que entre mortos e feridos salvaram-se todos, pois nem Brasil nem Portugal terão de mudar seus planos e logística, cada um atingindo o objetivo a que se propôs antes da Copa. Difícil imaginar a seleção portuguesa como campeã, e continua fácil pensar na brasileira como hexacampeã. Mas tanto uma como outra, como quase todas, sem grandes passadores, exceção feita à Espanha.
Agora vem o Chile, melhor, para Dunga, que Suíça, que só se defenderia. El Loco Bielsa é suficientemente atrevido para não jogar pelos pênaltis.
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