Paulo Vinícius Coelho - O Estado de S.Paulo.
A boa notícia para os corintianos é que nenhum time abriu sete pontos de vantagem em dez rodadas, antes do Corinthians-2011. A má notícia é que o recorde anterior era do Botafogo-2007. Naquela edição, dirigido por Cuca, o Botafogo tinha 24 pontos em 10 jogos, contra 19 do Goiás, o vice-líder. O Botafogo terminou em nono lugar, o Goiás ficou em 16.º e brigou para não cair até a última rodada.
A vantagem do Corinthians não está expressa apenas na diferença de pontos, mas no número de vitórias. Para ser campeão brasileiro, 20 é o número mágico. Foi quanto o Fluminense venceu para ganhar o título de 2010. A equipe de Tite já ganhou nove jogos.
Campeão em quatro das últimas cinco edições do Brasileirão, Muricy Ramalho conhece bem essas estatísticas.Há um mês, quando Neymar, Ganso e Elano trocaram o campeonato pela Copa América, o objetivo santista era seguir a uma distância do líder, que tornasse possível pensar em reação quando voltasse a reunir o melhor técnico ao melhor jogador do Brasil.
A diferença é bem maior do que a planejada: 17 pontos. Descontados os dois jogos a menos, é possível que o Corinthians tenha 11 pontos acima de Neymar, Ganso e Muricy. Continua sendo muito.
Mas como o técnico do Santos tem os números na cabeça, pode ajudar a entender o tamanho da vantagem corintiana. Em 2008, Muricy era o treinador do São Paulo, que chegou a estar 11 pontos abaixo do Grêmio na 20.ª rodada. Entramos só na 11.ª.
O Flamengo de 2009 foi o campeão com maior diferença descontada. A distância chegou a ser de 13 pontos, na 21ª rodada, encurtou, mas a dez jogos do fim daquele Brasileirão havia 12 pontos separando o Fla, sexto colocado, do Palmeiras, o líder.
Muricy também se lembra bem dessa edição. No final daquela maratona, seu Palmeiras era o quinto colocado, cinco pontos abaixo do Flamengo, o campeão.
À medida que os campeonatos se sucedem com a mesma fórmula de disputa, a biblioteca fica mais vasta, dá mais margem às comparações. Elas nunca serão exatas, nunca se terá certeza do que pode ou não acontecer, com base no que já se passou. Pedro Nava estava certo. "Experiência é um carro com os faróis virados para trás."
Os sete pontos de vantagem, os 28 conquistados em dez jogos fazem do Corinthians um grande candidato ao título. Os desfalques de Liedson e Júlio César, a partir do jogo de hoje, contra o Cruzeiro, servem de alerta.
Sinal amarelo como os números da história dos pontos corridos. A decisão é só em 3 de dezembro.
Soy Celeste. Diego Forlán disse ao diário Olé! que nunca imaginou poder viver, em um time de futebol, o que passa com a seleção uruguaia.
"Jamais pensei que amizade pudesse ser uma palavra tão forte em um time de futebol." Ter um time unido nem sempre faz diferença. No caso do Uruguai, faz.
Na chegada à Copa do Mundo da África do Sul, o capitão Diego Lugano deu a primeira pista de que havia alguma coisa acontecendo com a seleção uruguaia. Lembrou que o Uruguai teve gerações muito mais talentosas que não conquistaram nada. E disse ter certeza de que a campanha da África seria histórica.
O Uruguai chegou às semifinais pela primeira vez em 40 anos.
Ninguém discute que as gerações de Francescoli, Rubem Sosa, Daniel Fonseca, Rubem Paz e Hugo De León poderiam dar muito mais alegrias aos uruguaios do que Forlán, Lugano e Luis Suárez.
No Brasil e na Argentina, atribui-se o sucesso uruguaio à vontade. De tempos em tempos, escuta-se no Brasil que a Argentina tem mais raça. Nesta semana, os argentinos repetiram que "os uruguaios sentem mais a camiseta, têm mais paixão por jogar pela Celeste".
Centroavante do Botafogo, Loco Abreu declarou que Francescoli deveria ter no Uruguai o mesmo tratamento que Maradona recebe na Argentina. Mas nos anos 90, Francescoli renunciou à seleção. Não tinha mais vontade.
Inegável que o espírito de grupo do Uruguai de hoje faz diferença.
Em outros tempos, tiveram razão para pensar o inverso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário