Petrobrás eleva investimento a US$ 224 bi.
Aumento de cerca de 28% surpreendeu o mercado, que criticou os gastos nos próximos quatro anos e provocou o recuo das ações da estatal.
A Petrobrás anunciou ontem um aumento de cerca de 28% em seu plano de investimentos, que atingirá US$ 224 bilhões entre 2010 e 2014. Um dos pilares para definir o valor da capitalização da companhia, o plano surpreendeu o mercado, que criticou a elevação dos gastos nos próximos anos. As ações da estatal fecharam em baixa ontem na Bolsa de Valores de São Paulo.
O plano de investimentos tem grande foco no desenvolvimento das reservas de petróleo, que receberão US$ 108,2 bilhões ? dos quais US$ 33 bilhões no pré-sal. Mas apresentou crescimento significativo nas previsões de gastos em refino, com a inclusão das novas refinarias do Ceará e do Maranhão, projetos criticados pelo cunho eleitoral, como lembra o consultor Adriano Pires, em análise na página B3.
A área terá orçamento de US$ 73,6 bilhões. Para analistas, trata-se de gasto muito alto em projetos com retorno baixo. "O grande foco da Petrobrás no refino é difícil de entender", diz o analista de petróleo do Credit Suisse, Emerson Leite. A empresa prevê ampliar a capacidade de refino de 1,818 milhão para 3,205 milhões de barris por dia em 2020. As ações ordinárias da estatal caíram 0,23% ontem e as preferenciais, 0,31%. A Bolsa subiu 0,61%.
A companhia projeta uma produção de petróleo na casa dos 3,9 milhões de barris por dia em 2020. Em 2014, será de 2,98 milhões. "Nosso foco é chegar entre as cinco maiores produtoras do mundo", diz o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli. O pré-sal ainda terá participação pequena em 2014, de 241 mil barris por dia, subindo para 1,078 milhão de barris em 2020.
A divulgação do plano era esperada pelo mercado, que queria pistas do tamanho da capitalização da companhia, prevista para ocorrer até o fim de julho. A estatal informou apenas que vai precisar buscar no mercado US$ 58 bilhões até 2014, mas não detalhou quanto desse valor virá da capitalização ou de empréstimos. O mercado espera US$ 25 bilhões com a venda de novas ações aos minoritários. A empresa prevê ainda amortizar US$ 36 bilhões em dívidas no período e manter sua alavancagem abaixo do limite de 35%.
A Petrobrás não deu detalhes do cálculo do valor dos barris do pré-sal que serão usados para capitalizar a empresa ? a cessão onerosa, que não foi incluída no plano 2010-2014. "Contamos com as concessões que já temos. Depois de assinada a cessão onerosa, poderemos incluir as reservas", disse o diretor financeiro, Almir Barbassa.
Hoje a Petrobrás realiza assembleia para aprovar o aumento de capital. Gabrielli não quis falar sobre cronograma, mas se espera que a companhia apresente prospecto da operação à Comissão de Valores Mobiliários, já com a avaliação dos barris da cessão onerosa. A última palavra sobre os valores, porém, será da consultoria contratada pela Agência Nacional do Petróleo.
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