Por Carlos Chagas
Na guerra, sempre. Na política, muitas vezes. É preciso demonizar o adversário. Transformá-lo de inimigo em réprobo cruel, malvado e sanguinário, daqueles que fritam criancinhas e estupram velhinhas. Os nazistas agiram assim contra os russos e estes, depois, contra aqueles, na Segunda Guerra Mundial.
Na presente sucessão presidencial o risco é de acontecer coisa parecida. Ou melhor, já está acontecendo. Lula acusa Serra de partir para a baixaria, de tentar atingir Dilma com mentiras e calúnias e de praticar crimes contra o Brasil e a mulher brasileira. A candidata pega mais leve, anuncia a disposição de não descer ao nível do tucano, enquanto Serra denuncia o uso da Receita Federal contra seus correligionários e sua filha como golpe baixo e abominável.
O que a gente se pergunta é onde as coisas vão parar, faltando três semanas para a eleição. Mais ainda, se seria justificável tamanha indignação por parte do governo, reagindo à acusação de flagrante utilização da máquina pública por um novo grupo de aloprados, importa menos se petistas do andar de baixo, estimulados ou não por companheiros de andares intermediários.
Teria o presidente Lula motivo para bater tão forte numa candidatura que, salvo engano, já se encontra derrotada? Não que as pesquisas sejam totalmente confiáveis, mas todos os institutos divulgam Dilma Rousseff com 55% das preferências populares, ao tempo em que José Serra não passa dos 25%. Estaria o presidente Lula temeroso de que a eleição não se resolva no primeiro turno? Ou será da essência do grupo encastelado no poder a ânsia de esmagar os adversários?
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