sexta-feira, 10 de setembro de 2010

FORMADORES, ELEFANTES, RATOS E GOLPES

Por Carlos Chagas
O presidente Lula não resiste: bate na imprensa até quando não precisa. Esta semana, em praça pública, declarou que o povo aprendeu a votar sem seguir pseudo-formadores de opinião pública. Acrescentou que o noticiário tenta debilitar a campanha de Dilma Rousseff, mas o trabalhador pensa por si mesmo e por isso o país está melhorando.
Com todo o respeito, mas o primeiro-companheiro deveria atentar que nem todo mundo, na mídia, julga-se “formador” de opinião. Esquece-se da escola da humildade, segundo a qual somos “informadores”. Quem se forma é a sociedade, estimulada por diversos fatores, entre eles o de estar bem informada. E se não está, deveria.
Claro que existem jornalistas de nariz em pé, proclamando-se “formadores”, mas eles estão mais para o ridículo do que para a realidade. Também não é verdade que o noticiário tenta debilitar a campanha de sua candidata. Alguns veículos cultivam essa distorção, mas generalizar consiste num profundo exagero. Ninguém pode investir impunemente contra a natureza das coisas, e ela indica sempre a impossibilidade de se enganar todos por todo o tempo. Se Dilma conta com o apoio da maioria, seu patrono não precisaria incomodar-se com tentativas de sua desestabilização. Deveria preocupar-se com o uso da Receita Federal por parte dos aloprados de sempre, estes, sim, empenhados em desestabilizar a ex-ministra.
Nos últimos dias parece que se abriram as comportas do absurdo, nos pronunciamentos do presidente Lula. Ele também afirmou, inaugurando um armazém da Conab, em Uberlândia, que os Estados Unidos e a União Européia aprenderam a respeitar o Brasil assim como um elefante tem medo “e se borra” por causa de um rato. Ora bolas, não somos ratos e, se fossemos, não estaríamos imunes aos montes de matéria orgânica expelidos pelos elefantes, até sobre nossas cabeças.
Mais uma escorregada de S. Exa. aconteceu quando calou diante de um disparate institucional de seu ministro da Agricultura. Talvez pretendendo credenciar-se para continuar no próximo governo, o indigitado auxiliar derramou-se em referências ao terceiro mandato do Lula. Disse que se o presidente quisesse, continuaria no poder com o apoio do país inteiro. Era para ter levado monumental reprimenda, de público e de corpo presente. Afinal, uma das virtudes do Lula foi ter respeitado e cumprido a Constituição, que proíbe o terceiro mandato. Quanto a sustentar que o país inteiro apoiaria o golpe, há controvérsias.

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