Por Carlos Chagas.
Houve tempo, nas décadas de quarenta, cinquenta e sessenta, em que a Igreja Católica participava ativamente do processo eleitoral. Bispos e até cardeais divulgavam listas de candidatos nos quais os fiéis estavam proibidos de votar, sob pena de excomunhão. Nos sermões de domingo, não apenas os filiados ao Partido Comunista eram proscritos. Também os desquitados e os que viviam um segundo casamento. Ameaçava-se com o fogo do inferno quantos descumprissem as diretrizes eclesiásticas.
A própria Igreja encarregou-se de corrigir aqueles excessos, entendendo que a opção político-partidária nada tem a ver com o dogma ou a liturgia. E até desestimulando padres de concorrer a postos eletivos.
O diabo (com perdão do substantivo mal-empregado) é que outras igrejas proliferaram e se transformaram em agentes político-partidários. Apresentam candidatos em proporção muito maior do que os católicos apresentavam antes, bem como se arvoram em árbitros eleitorais. Exigem dos candidatos compromissos formais com suas doutrinas, intimidando-os e levando-os a perigosas omissões por conta da ameaça de colocá-los num index redivivo.
Seria bom o poder público prestar atenção nos possíveis desdobramentos desse fenômeno. Afinal, as igrejas não pagam imposto...
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