segunda-feira, 21 de junho de 2010

DONOS DO BRASIL

PAULO VINICIUS COELHO

Dunga é o treinador com mais poder desde Flávio Costa, vice na Copa do Mundo de 1950.
DUNGA RESISTIU ao clamor do país inteiro. Podia ter chamado Ganso ou Ronaldinho Gaúcho. Se hoje Kaká der outra demonstração de sua condição física comprometida, o técnico teria uma alternativa. A escalação de Robinho na função de Kaká, no segundo tempo contra a Coreia do Norte, evidencia que Dunga precisa de uma opção a Júlio Baptista.
Já se disse que Dunga é o técnico com mais poder desde Flávio Costa, vice na Copa-1950. Sem supervisor, coordenador ou diretor por perto, só esperou o primeiro dia em que as placas de patrocinadores da Fifa estampavam o campo de treino para fechá- -lo. Até a véspera, as placas eram de patrocinadores da CBF. Mas Dunga é também o técnico com quem a seleção jogou bem os jogos mais importantes, como o de hoje. Ou o Brasil vence hoje ou terá a obrigação de ganhar na última rodada, situação que a seleção não vive desde a Copa da Argentina.

Mais dono do Brasil do que Dunga, só Ricardo Teixeira. O presidente da República diz que a Copa de 2014 deve ser no Morumbi. Presidente da República, que nada! O presidente da CBF diz que não.

O início do projeto da Copa brasileira foi na França, no Mundial de 1998. Ricardo Teixeira dizia que, se Nantes podia abrigar jogo de Copa, o Brasil poderia fazer a sua. Nantes tinha estádio com estruturas metálicas porcas, que levavam à tribuna principal. Dunga jogou lá as quartas de final contra a Dinamarca.

Pois o Morumbi havia sido aprovado para as oitavas de final. Deveria caber ao comitê paulista decidir se quer a abertura. A Fifa, digo, a CBF decidiu antes e avisou à imprensa no dia seguinte à derrota na eleição do Clube dos 13.

Hoje, a ameaça de dinheiro público é menor do que a de um fundo de investimento montado pela Traffic, por exemplo, em que os nomes dos investidores não apareçam claramente. Quem poderia fazer parte dessa sociedade?

Vale lembrar que, em 21 anos de mandato, Ricardo Teixeira não fez o país ter um único estádio compatível. Se em 1989 tivesse negociado uma linha de crédito e desse prazo aos clubes para reformar seus palcos, condicionando o crédito à transformação em empresa, o país teria hoje arenas como os ingleses. A falta de estádios é seu atestado de incompetência, e só ele seria suficiente para pedir seu impeachment. Só pela incompetência.

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