sexta-feira, 16 de julho de 2010

HOJE TEM COMÍCIO

CARLOS CHAGAS.
Caso o presidente Lula não volte atrás, como fez esta semana em Brasília, faltando ao comício de inauguração do comitê central da campanha de Dilma Rousseff, hoje à noite os cariocas assistirão a candidata e seu mentor dividirem o palanque armado na Candelária pelo governador Sérgio Cabral. Uma saraivada de críticas e até alguns possíveis recursos à Justiça Eleitoral serão disparados pelos tucanos e penduricalhos, sob a acusação de propaganda desmedida. Só que não vai adiantar nada. No máximo, o presidente Lula poderá ser multado outra vez pelo Tribunal Superior Eleitoral, provavelmente a sétima, mas nada vai mudar. Na verdade, se não tiverem sido utilizados recursos públicos na manifestação, a presença do chefe do governo deve ser.
Esse conflito entre a natureza das coisas e a legislação soa como ridículo. Deve-se atentar para o espírito da mini-reforma eleitoral aprovada em dezembro do ano passado pelo Congresso. Sua intenção foi evitar desmandos e mau uso da coisa pública, jamais cercear o direito de qualquer cidadão manifestar-se política e eleitoralmente. Proibir o presidente da República de opinar equivale a regredir institucionalmente. Se em 2002 Fernando Henrique, então no poder, manteve-se de braços cruzados diante de sua sucessão, foi por outros motivos. No caso, a idiossincrasia ostensiva para com Serra, seu ex-ministro rebelde e competidor nas tertúlias verificadas dentro do ninho. Se as oposições perdessem parte do complexo de inferioridade, estariam programando comício ainda maior e mais vibrante que o de hoje, na antiga capital.

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