Antigos conhecidos revelam um pouco da intimidade dos candidatos à Presidência da República, explicando o motivo de suas escolhas. José Serra é visto como intelectual; Dilma Rousseff, inteligente; e, Marina Silva, batalhadora.
Flavio Dilascio - O DIA
Um homem extremamente sério e intelectual, uma mulher inteligente e bem articulada e uma jovem humilde e batalhadora. A definição, que, à primeira vista, parece simplória e objetiva, é a maneira que os três principais candidatos à Presidência da República são vistos pelos seus amigos mais próximos.
Paulistano, 68 anos, José Serra (PSDB) é tido como um perfeccionista. Amante das madrugadas, não gosta de acordar cedo e evita bebidas alcoólicas. De origem italiana, engajou-se na política desde cedo, começando a atuar no movimento estudantil.
Mineira, apesar de ter passado boa parte de sua vida em Porto Alegre, Dilma Rousseff (PT) sempre chamou a atenção dos amigos e pessoas próximas por sua inteligência. Ex-membro de um grupo que lutava contra a ditadura militar, a petista sempre foi respeitada devido à sua contundência.
A acreana Marina Silva (PV) é considerada como uma verdadeira guerreira, por conta de sua luta pelas causas ambientais, principalmente no que diz respeito à Amazônia. Filha de seringueiros, ela conquistou inúmeros amigos por ser considerada um exemplo de superação.
MARCELO CERQUEIRA, Político, 70 anos.
“O Serra é um pouco turrão, mas é uma pessoa fraternal”
“Não há ninguém que tenha um testemunho da vida do Zé (Serra) como eu. Eu o conheço há 48 anos. Foi em Salvador, durante um congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) sobre o mundo subdesenvolvido. No ano seguinte, eu o apoiei para a presidência da UNE e trabalhei com ele enquanto ele presidiu a instituição.
Uma coisa é como ele é visto pela opinião pública, outra coisa é como ele realmente é. Um pouco turrão, mas tem momentos em que mostra o humor. Nunca me esqueço de uma vez, em 64, quando estávamos na Bolívia, durante o exílio. Ele não é acostumado a beber e tomou um copo de pisco. Logo ficou de porre. E aí ficava falando em espanhol e português. Um amigo nosso brincou e falou para ele se decidir 'se iria ficar bêbado em português ou espanhol '.
Apesar disso, é uma pessoa muito fraternal. Para se ter uma ideia, um dos nossos vice-presidentes recebeu todo o apoio do Zé enquanto esteve hospedado em um hospital em São Paulo.
O Serra nunca gostou de acordar cedo, tem uma vida que funciona mais à noite. Estudioso, ele é o candidato mais preparado para ser presidente e tem uma história muito grande na política.
THIAGO DE MELLO, escritor e poeta, 84 anos
“A Marina sempre está disposta a ouvir opiniões diferentes ”
“Conheço a Marina há mais de três décadas, bem antes de ela ser senadora. Meu respeito por ela é antigo. Admiro muito sua preocupação com a humanidade e, principalmente, com a natureza, em especial as florestas. Nos conhecemos na época em que ela atuava ao lado de Chico Mendes pelas causas amazônicas. De um papo informal, surgiu uma amizade que foi retomada depois de longo período de afastamento, já que fui para o exílio e só retornei ao Brasil em 1978.
O que mais admiro nela é a capacidade de fazer com que as diferenças não se tornem divergências. A Marina tem sempre a opinião dela, mas está sempre aberta a ouvir quem tem posição oposta. Certa vez, discordei dela, pois eu defendia que empresas estrangeiras não explorassem as terras brasileiras de maneira alguma. A Marina tinha posição diferente, daí sentamos e discutimos, até ela reconhecer que o meu pensamento era o mais correto.
A Marina é uma pessoa muito humilde e até hoje ela é assim. Parece que ela ainda é aquela menina do seringal. Desde aquele tempo, ela já tinha o objetivo de mudar o mundo e não me surpreende esta candidatura à Presidência da República. Onde ela vai, conquista as pessoas pelos seus valores morais e éticos. Está para nascer uma outra brasileira como Marina Silva.
FERNANDO PIMENTEL Político, 59 anos.
“Desde jovem, a Dilma sempre foi firme nas ideias”
“Eu e Dilma somos amigos desde 1968, quando nos conhecemos nos movimentos estudantis aqui de Belo Horizonte. Apesar de ela ser um pouco mais velha do que eu, criamos uma identificação logo no primeiro contato. Ela era universitária e eu ainda cursava o Ensino Médio, quando começamos a militar juntos no Comando de Libertação Nacional (Colima), grupo de luta armada contra a ditadura militar.
As amizades que fizemos naquele período foram todas muito duradouras, já que a convivência pessoal era muito grande, por nos arriscarmos muito nas lutas contra os militares.
A Dilma sempre se destacou no movimento e era respeitada por todos por sua inteligência e clareza. Ela sempre apontava boas ideias e grandes soluções, que faziam todos do grupo respeitá-la. Ela também era uma pessoa muito culta. Talvez por ter estudado em ótimos colégios e ter tido ótima educação familiar.
O fato de ser mulher e atuar entre muitos homens, nunca foi problema para ela. O nosso movimento era fraterno e porque ela sempre foi uma pessoa muito firme nas ideias. Dilma é como uma irmã e seria ótimo vê-la na Presidência.
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