domingo, 26 de setembro de 2010

BASTA, CHEGA E FORA!

Por Carlos Chagas
Ficaram célebres, nos idos de março de 1964, os três editoriais do inesquecível “Correio da Manhã”, intitulados “Basta”, “Chega” e “Fora”. O jornal posicionou-se contra o governo João Goulart e apoiou o golpe militar, argumentando contra a sucessão de greves, insegurança econômica e iminência da dita instalação de uma república sindicalista. Errou, é claro, e menos de duas semanas da instalação da ditadura já abria suas colunas para denunciar desmandos, violência e obscurantismo.
Por que se recorda o episódio? Porque está faltando um “Correio da Manhã” para aproveitar os três títulos em três novos editoriais. Jamais contra o governo Lula, é evidente. Depois de tantos percalços, chegamos a uma democracia.
“Basta”, “Chega” e “Fora” tornam-se necessários para banir de nossa realidade esses execráveis programas de propaganda eleitoral gratuita pelo rádio e a televisão.
Quem deu o direito à Justiça Eleitoral de irromper pelas nossas casas a dentro, obrigatoriamente impingindo espetáculos de baixo nível e comicidade questionável? Tudo bem que em cada cidade ou estado se aproveitasse um canal alternativo de televisão e uma emissora de rádio igualmente facultativa para quantos se dispusessem acompanhar as campanhas eleitorais. Mas à força, não dá. Em vez de informar, desinformam. Mentem como o diabo. E ainda imaginam conquistar votos, quando nem audiência possuem, apesar da falta de opções duas vezes por dia.
Candidatos existem prometendo transformar favelas em bairros. Jamais subiram um morro. Outros garantem a criação de milhares de postos de saúde, quando nem hospitais decentes existem em número mínimo. Estes vão distribuir gratuitamente todo tipo de remédios. Aqueles acabarão com a violência construindo piscinas. Uns implantarão 400 quilômetros de linhas de metrô, outros varrerão o país de alto a baixo. Cada um que busque múltiplos exemplos de bobagens inomináveis ou de promessas absurdas diante de suas telinhas e alto-falantes. Mas sem obrigação de ver e ouvir.

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