Por Carlos Chagas
O fim de semana terminou sob o impacto da declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que “vazamentos sempre ocorrem”. Pode até estar certo na observação, mas seu diagnóstico fica ridículo quando se atenta para o fato de que punição para os vazadores raramente aconteceu no governo Lula. Mais ainda, que Mantega é o responsável direto pela punição, no caso da Receita Federal. Sob o pretexto de “blindar” Dilma Rousseff, com o apoio do presidente Lula, vai permanecendo no cargo o secretário da Receita Federal, assim como protegidas ficam as funcionárias de cujas senhas e computadores partiram os vazamentos.
Em suma, uma operação lamentável que só faz confirmar outras parecidas, do mensalão à quebra do sigilo do caseiro e aos aloprados de 2006. A regra é de acobertar quantos se encontram sob o guarda-chuva da administração federal, como se a punição de cada culpado atingisse a imagem do governo e de seu chefe.
Já era para o secretário da Receita Federal ter sido demitido pelo menos há quinze dias. E se não foi, a bola da vez teria que ser o ministro da Fazenda.
Guardadas as proporções, a situação lembra o caso do “Riocentro”, no governo João Figueiredo. Não puniram o capitão, nem o coronel, muito menos o general. Resultado: o presidente carregou o peso da decisão complacente até sofrer o enfarte responsável pelo desmonte de suas boas intenções e por um agonizante resto de governo.
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