Por Carlos Chagas
Joaquim Roriz renunciou à disputa pelo governo de Brasília porque seria derrotado nas urnas, conforme as pesquisas, e também porque o empate horas antes, no Supremo Tribunal Federal, conduziria à prevalência da negativa do registro de sua candidatura, decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral. Seus advogados o alertaram para essa última conseqüência, mesmo se a mais alta corte nacional de justiça viesse a protelar o impasse da madrugada de hoje, quando cinco ministros votaram por sua inelegibilidade e outros cinco pela não aplicação da lei da ficha-limpa. Isso pela simples razão de que, não tendo decidido, o Supremo manteve a decisão da instância inferior, ao menos enquanto não se reunisse para tentar chegar à palavra final.
A lei ainda garantia o direito de Roriz concorrer, mas tendo sobre sua cabeça uma espada muito pesada, a de poder afasta-lo antes, durante e depois da eleição, mesmo se vitorioso.
O fator maior da renúncia, no entanto, estava nas pesquisas. Dificilmente o candidato reverteria a tendência do eleitorado do Distrito Federal, favorável à eleição de seu adversário, Agnelo Queirós, do PT.
Imaginando ser poupado do desgaste, o quatro vezes governador de Brasília tirou o time de campo, mesmo com a ridícula iniciativa de indicar sua mulher para substituí-lo. Não será desta vez que o papel de vítima mudará a voz das urnas.
Respiraram aliviados os dez ministros do Supremo Tribunal Federal, já que os advogados de Roriz retiraram o recurso impetrado em seu nome. Desaparece a razão de ser da questão, ainda que não desapareçam outras situações parecidas com a de Roriz. No Pará, Jader Barbalho, que também renunciou para não ser cassado, estava praticamente eleito para voltar ao Senado. Agora, seus adversários ganharam oxigênio para tentar impedi-lo.
De toda essa trapalhada, sobra pelo menos um fator positivo: no final das contas, a última palavra será do eleitorado.
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