Wanderley Nogueira, do primeiro time de repórteres do rádio esportivo, com atuações destacadas na Jovem Pan – companheiro querido e dos mais competentes, de tantas jornadas internacionais que fizemos juntos com a seleção brasileira -, escreveu no blog da emissora em que atua e eu transcrevo a matéria aqui no blogdodenimenezes.com porque a considero de suma importância.
Na eleição de ontem (18 de outubro) no Sindicato dos Árbitros de Futebol de São Paulo – o maior do país -, houve apenas um candidato: Arthur Alves Jr. Ele integra a comissão de arbitragem da FPF – Federação Paulista de Futebol – e é assistente do presidente da comissão, coronel Marcos Marinho. Deu para entender? O candidato único à presidência do Sindicato é quem escala os árbitros. É o patrão. Os independentes árbitros paulistas vão eleger como presidente para defender os interesses comuns da categoria, o patrão.
Para encorpar a entusiasmante candidatura, foram realizadas cervejadas em apoio ao candidato, com a presença dos patrões. O site da campanha tem vídeos de apoio ao futuro presidente e registra depoimentos favoráveis daqueles que têm os árbitros sob comando. O futuro lider da categoria exerce funções de patrão e vai continuar a exercê-las. É uma candidatura cúmplice dos escaladores de árbitros. Não é exagero dizer que essa é uma candidatura “oficial”. E, claro, nenhum árbitro teve coragem de apresentar uma candidatura de oposição, Jamais apitaria novamente.”
Como sabem, existem dois tipos de sindicatos: aquele que defende os trabalhadores e aquele que abraça as teses patronais ou empresariais. Cada um no seu lado. Claro, é possível conviver com respeito, dignidade e independência. O ideal é um sindicato inteligente e nada radical.
Mas o Sindicato dos Árbitros de São Paulo está conseguindo eleger um “representante” do presidente da Federação Paulista de Futebol para presidir o seu destino. O ideal para as arbitragens, imagino, seria um sindicato de resultados. Nada vinculado a correntes perigosas.
A origem do sindicalismo no século XVIII foi a união dos doentes e desempregados. Daqueles que não tinham proteção e segurança. Eram os desrespeitados, humilhados e subservientes. Décadas depois os sindicatos dos empregados e dos patrões foram considerados “ilegais”. A esperança para os árbitros bem intencionados é que, no futuro, o sindicalismo deles consiga reerguer-se das cinzas, como ocorreu com os sindicatos na Europa no século XIX.
Fernando Sampaio, que atua em programa da Jovem Pan com Wanderley Nogueira e é também um jornalista de muito conceito em São Paulo, faz questão de acrescentar:
"Adiciono ao texto de Wanderley Nogueira, que os testes físicos, geralmente realizados no estádio de Caieiras ou no Centro de Treinamento Olímpico de São Caetano, este ano foi no salão da Federação Paulista de Futebol para que todos os árbitros votem no candidato único. Até o fotógrafo (Eduardo, da ECM Produções) que trabalha para a Federação Paulista de Futebol, mandou e-mail pedindo voto para o candidato do presidente Marco Polo Del Nero.
Diferente do Campeonato Brasileiro – 380 jogos em nove meses -, a fórmula do Campeonato Paulista tem enorme influência da arbitragem. O formato é dirigido para ter quatro grandes nas finais. Em 2007 quase deu Bragantino x São Caetano. Foi um corre-corre para evitar o fracasso de mídia e de público. Para que isso não aconteça, tabela e escala de arbitragem são dirigidas e os grandes são sempre favorecidos. É turno único. O tapetão paulista é pior que o STJD. Faz vista grossa para os tumultos e bombas nos estádios, gramados, cartões, suspensões e demais cassos.
É uma pena. São Paulo está decadente. Os bons árbitros paulistas foram formados numa geração anterior. Há anos a Federação Paulista de Futebol não revela bons árbitros. Vale lembrar que os dois últimos escândalos surgiram na sede da Federação Paulista de Futebol, um deles envolvendo o árbitro Edilson Pereira de Carvalho. Apesar do escândalo, Marco Polo Del Nero continua presidente. É uma vergonha. A Federação Paulista de Futebol virou um lixo.
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