terça-feira, 13 de julho de 2010

Hora de apertar o cerco e o passo

Editorial, Jornal do Brasil
O episódio lamentável ocorrido no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão -Tom Jobim, onde um bando de taxistas que trabalham no local espancou um motorista concorrente, vindo de fora, é uma daquelas barbaridades inaceitáveis. As cenas, gravadas pelas câmeras de segurança do aeroporto, mancham a reputação da cidade, justamente quando se abre a contagem regressiva para receber milhares de turistas em megaeventos como a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
O episódio sintetiza alguns dos principais problemas que o país enfrenta no seu cotidiano e para os quais terá que encontrar soluções, ainda que parciais, para sediar com sucesso a Copa e a Olimpíada: a infraestrutura e a segurança.
A violência, logo naquela que será a porta de entrada do país, deve ser imediatamente coibida. É inadmissível que taxistas continuem a ocupar o Galeão como se fossem donos do território, criando uma máfia. Os abusos são de fácil combate. A área é pequena demais e tem policiamento. É de se estranhar como os motoristas tiveram a ousadia e realizaram um crime em local tão movimentado, onde permanecem atuando. Só a certeza de impunidade explica. Resta esperar que a Justiça seja feita e que imagens como estas não se repitam.
Sobre os projetos de infraestrutura, o Brasil deve aproveitar o momento de arrumar a casa para resolver alguns gargalos. Grandes eventos esportivos implicam enorme fluxo de turistas, que precisarão, sobretudo, de uma boa rede hoteleira e de um sistema de transporte eficiente.
As promessas e compromissos assumidos nos cadernos de encargos, na época da candidatura, devem ser cumpridos, sob pena do fracasso da empreitada. Copa e Olimpíada não podem ser encaradas como os Jogos Pan-Americanos de 2007, cujo projeto original foi desidratado. A extensão da rede de metrô, por exemplo, não ocorreu.
Agora, a preocupação principal continua sendo, além da construção dos equipamentos esportivos, o sistema de transportes. Reformulação e ampliação da capacidade dos aeroportos, abertura de novas vias expressas, tudo isso requer investimentos pesados e para ontem. A previsão pessimista de que não haverá tempo para tudo está levando a Confederação Brasileira de Futebol – como anunciou a entidade na semana passada – a estudar a divisão do país em quatro regiões para a Copa de 2014. Cada uma sediaria, por exemplo, dois grupos na primeira fase do Mundial. Isso evitaria a circulação das seleções e de seus fãs por distâncias muito grandes. A desvantagem é que o Brasil daria o primeiro atestado de incapacidade: o de apresentar aos visitantes toda o seu potencial turístico.
Em meio aos temores, há boa notícia, felizmente. Como publicado ontem pelo JB, foi dada a largada para a construção da Transoeste, o primeiro de três grandes corredores expressos para a Olimpíada. É hora de apertar o passo.

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