JORGINHO - "AINDA ACORDO DE MADRUGADA" Depois de uma semana recolhido, o ex-auxiliar técnico da seleção brasileira, Jorginho, falou a Diógenes Campanha sobre a eliminação do time na Copa.
Folha - Como se sente?
Jorginho - Ainda acordo de madrugada, com as lembranças martelando a minha cabeça. Ver meus filhos chorando quando voltei. Eu estou triste para c... É como se tivéssemos perdido alguém da família. A gente viu o prazer deles em vestir a camisa da seleção. Em nenhum momento, o presidente Ricardo Teixeira pediu renovação de idade. Pediu comprometimento. Fiquei conversando com o Júlio César no quarto até as 3h da manhã (na noite da eliminação). Ele disse: "Cara, isso é uma dor que eu vou levar pro resto da vida". Em 2006, não houve consternação nem choro.
E as críticas do Ricardo Teixeira, da CBF?
Ele deu total liberdade para o Dunga, mesmo nos momentos mais difíceis, quando perdemos do Paraguai, empatamos com a Argentina ou perdemos a Olimpíada.
Vocês se sentiram pressionados pela TV Globo?
O Ricardo Teixeira já havia dito que essa seria uma das Copas mais fechadas dos últimos tempos. Não podíamos dispor os jogadores para dar entrevistas toda hora. Eu nunca briguei com a imprensa. Só coloquei o que estava no meu coração. Disseram que eu tinha ascendência sobre o Dunga. Isso ofende a ele e a mim. O Dunga é democrático, mas é o líder.
O excesso de religiosidade não atrapalha?
Nunca participei das reuniões dos atletas, mas em nenhum momento elas atrapalharam. Era uma hora por semana, de estudo bíblico, não era reunião para ganhar campeonato. Será que, se tivéssemos sido campeões, não diriam que isso ajudou?
Ronaldinho e Ganso não fizeram falta?
Uma coisa é o Ronaldinho de 2002, outra é o de 2010. Em 2006 e nas vezes em que nós o convocamos, ele não deu a resposta que eu e você queríamos. Quanto ao Ganso, uma coisa é o Campeonato Paulista, outra é a Copa.
Onde espera estar em 2014?
Ainda vou ter que passar na CBF para pegar minhas coisas e vai doer. Tenho anotações de observações, de coisas motivacionais, que estão lá e talvez possam ser úteis para o próximo treinador. E lembro da tia Noélia, que servia o nosso café, uma pessoa muito especial pra mim (faz uma pausa e fica com a voz embargada, demonstrando choro). Vai estar sempre no meu coração.
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