Mas hoje soube que um diretor do JB contou que o jornal deixará de circular em sua versão impressa e passará a existir apenas na internet.
Não sei e nem tenho autoridade para saber que rumos o jornalismo tomará no futuro, mas acho que o fim de um jornal tradicional em sua versão impressa enfraquece muito a sua credibilidade. Ainda mais o JB, que foi um dos mais importantes jornais deste país e um contraponto importante à hegemonia das Organizações Globo no Rio de Janeiro.
Me contam os amigos e jornalistas mais velhos que a leitura do JB era obrigatória na época da ditadura, e que teve posturas heróicas durante o período, fazendo críticas ao regime militar, que recebia de O Globo todo o apoio possível.
É famosa a primeira página do jornal no dia da edição do AI-5, em 14 de dezembro de 1968, em que usou um pequeno boxe que tinha ao lado esquerdo de seu nome, no qual noticiava a previsão do tempo, para burlar a censura e escrever “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos. Máxima de 38° em Brasília. E ao lado direito do nome do jornal ainda publicou uma chamadinha “Ontem foi o Dia dos Cegos”.
Sei que o JB já não é mais o que era, mas talvez por não estar na concorrência direta com os outros grandes meios, vinha publicando algumas coisas interessantes, contra a corrente da mídia dominante.
O fim impresso do JB também é um golpe no jornalismo carioca, onde tenho vários amigos. O Rio de Janeiro sempre teve um jornalismo forte e combativo, mas foi perdendo muito de seus títulos e praticamente se resume às publicações das Organizações Globo. Isso é muito ruim para o Rio de Janeiro, para o Brasil e para a democracia.
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