JOSÉ GERALDO COUTO.
O entusiasmo pela jovem seleção mostrou que estávamos carentes de "jogo bonito".
DIZ MEU amigo baiano João Sampaio, torcedor do Vitória, que só mulheres, crianças e gays gostam de ver jogo da seleção brasileira.
Pode até ser, mas a vitória do Brasil sobre os Estados Unidos provocou no país uma onda de entusiasmo entre homens e mulheres de todas as idades e as preferências sexuais.
Talvez nem o próprio Mano Menezes esperasse um sucesso tão grande e imediato. A garotada foi reunida na última hora e teve pouco tempo para treinar. Ainda assim, fez bonito.
Em contraponto à empolgação geral, algumas vozes ponderadas têm recomendado cautela. Afinal, foi só um primeiro jogo, um amistoso, contra uma força mediana do futebol mundial. Alguém até lembrou que a estreia de Dunga foi num 3 a 0 sobre a Argentina (na verdade, foi seu segundo jogo).
Convém esperar para ver se a "era Mano" será longa e frutífera como se espera. Mas a questão aqui não é tanto a performance da nova seleção, e sim a alegria que ela suscitou.
"Foi uma catarse", resumiu a música e compositora Vange Leonel. (Hoje tirei o dia para citar os amigos.) Exato: depois de um período marcado pela cara amarrada de Dunga e pelo jogo igualmente amarrado de seus comandados, voltou o prazer de jogar e de ver futebol.
Os mais entusiasmados chegaram a afirmar que desde 1982 uma seleção brasileira não lhes dava tanta alegria.
Exageros à parte, o fato é que a gente precisa de pouco para ser feliz.
Para terminar, não resisto a fazer algo que se deve evitar, uma autocitação. Assim terminava a coluna que publiquei no último 3 de julho, um dia depois da eliminação do Brasil pela Holanda na Copa do Mundo da África do Sul:
"Perder é sempre ruim, mas há um consolo. Com a derrota, a concepção bélica, triste e carrancuda de futebol do treinador talvez seja sepultada, ao menos por um tempo. Talvez voltemos a ver o futebol como um espetáculo, uma festa, uma alegria".
Pois bem: a alegria voltou.
MÁQUINA TRICOLOR
Com a chegada de Deco, o Fluminense de Muricy Ramalho tem tudo para formar uma equipe tão memorável quanto a "máquina tricolor" de meados dos anos 70.
Resta saber se Deco e Conca, dois meias de estilos contrastantes, vão se encaixar para que a bola continue rolando redondinha.
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