Chagas sobre Aécio: 'de vidraça a pedra'
Devido a preferência pelo candidato à Presidência José Serra (PSDB) estarem abaixo da adversária, Dilma Rousseff (PT) muitos atribuem o resultado a Aécio Neves, que rejeitou a opção de ser vice do tucano. Em seu artigo desta sexta (13) Carlos Chagas questiona o assunto. “Se errou mais do que acertou ao rejeitar a vice de Serra, ou, ao contrário, preservou-se, só as urnas revelarão, mas o que não dá é para assistir o PSDB nacional jogando pedras em Aécio Neves"
Por Carlos Chagas.
Virou moda, de uns dias para cá, atribuir a Aécio Neves a culpa pelos índices de preferência de José Serra estarem abaixo dos números de Dilma Rousseff. Queixas sucedem-se no ninho dos tucanos, como se o ex-governador de Minas fosse o responsável pela ascensão da candidata nas pesquisas.
Pode ser até verdade que se Aécio tivesse sido o candidato a vice na chapa de Serra, seriam outros os resultados das consultas populares. Mas ele não quis, prerrogativa ligada tanto à sucessão em Minas, pela necessidade de ajudar Alberto Anastásia, quando pela estratégia futura. Caso o ex-governador de São Paulo viesse a perder as eleições com ele de vice, Aécio ficaria pendurado no pincel, sem escada, perdendo as chances de tornar-se o príncipe herdeiro da social-democracia. E diante da derrota na tentativa de reeleição do atual governador mineiro, hipótese por enquanto provável, o neto do dr. Tancredo estará preservado, com a vitória garantida para o Senado. Se errou mais do que acertou ao rejeitar a vice de Serra, ou, ao contrário, preservou-se, só as urnas revelarão, mas o que não dá é para assistir o PSDB nacional jogando pedras em Aécio Neves. Ele poderá muito bem virar o jogo e deixar de ser vidraça, caso se mantenha como a maior figura mineira da atualidade, opção óbvia para as eleições de 2014.
O singular nessa história é que até o adversário, Helio Costa, meteu sua colher na panela, censurando Aécio por não haver deixado o PSDB e ingressado no PMDB, quando poderia ter-se tornado candidato presidencial do próprio Lula. Trata-se de um raciocínio distorcido. Primeiro porque ninguém garantiria o apoio do presidente da República, depois porque o PMDB é mestre em tirar o tapete de seus próprios filhos. Que o diga o ex-governador Roberto Requião.
Em suma, Aécio Neves escolheu seu próprio caminho, preferindo o certo pelo duvidoso, mesmo se não conseguir eleger Anastásia. Logo chegará a hora de devolver as pedras recebidas, em especial sobre quantos tem telhado de vidro.
DIA DE FICAR EM CASA.
A sucessão presidencial não permitirá, mas, por cautela, os candidatos deveriam ficar em casa, hoje. Uma sexta-feira, 13, em agosto, não é data que se ignore. Mesmo estando a astrologia fora de moda, seria sempre bom tomar cuidado. Afinal, ninguém pode escorregar, na corrida pelo palácio do Planalto. José Serra faz dias que não divulga mais sua agenda, dizem que para evitar movimentações de seus adversários. Dilma Rousseff tem dedicado uns dias, poucos, a permanecer reunida com assessores, sem eventos públicos, e hoje poderia ser um deles. Marina Silva parece que visitará o Acre, seu estado natal, onde sempre poderá abrigar-se à sombra da floresta. Só quem pode dar de ombros para a data é Plínio de Arruda Sampaio. Tanto como comunista quanto como católico praticante, porque nem a Igreja nem a extinta União Soviética davam bola para superstições.
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