Editorial, Jornal do Brasil
Na próxima terça-feira os brasileiros começam a acompanhar a propaganda eleitoral gratuita e obrigatória no rádio e TV – alguns, pois, infelizmente para o exercício pleno da democracia, boa parte aproveita o momento para desligar os aparelhos. O Brasil viveu na última década enormes mudanças, grande parte para melhor. Dá, portanto, para sonhar com mais uma, qual seja, a depuração de nosso Poder Legislativo através de um voto consciente, fixado em bases sólidas, de conhecimento, com objetivo.
Nos pleitos para o Executivo, há menos com que se preocupar, pelo menos se limitarmos o foco ao governo federal e ao do estado do Rio de Janeiro. O voto será mais uma questão de ideologia, pragmatismo, e não há qualquer indício de que se corra o risco de eleger alguém que não honre o cargo, ou que se sirva dele para favorecimentos pessoais. A questão mais delicada, sempre, é a eleição para o Legislativo. É aí que o eleitor precisa estar mais atento e onde tem sua missão mais importante.
Primeiro porque, a cada eleição que passa, os marqueteiros dos partidos e dos candidatos trabalham melhor. O eleitor será brindado com uma maratona de currículos perfeitos, um desfile de príncipes e princesas intocáveis, cuja eleição significará a transformação do Brasil numa potência internacional. Até em honestidade vai se falar, embora esta não devesse ser adjetivo, e embora parte dos concorrentes a tenha em segundo plano.
Além disso, o tempo da propaganda em relação à gigantesca lista de candidatos impede que sejam passadas todas as informações, ou mesmo as mais relevantes. Seria o melhor dos mundos se o eleitor tivesse interesse e tempo para pesquisar a história de seu escolhido, o que ele já fez, o que ele já disse que ia fazer e não fez, em quantas denúncias esteve envolvido, em quantas CPIs foi objeto de investigação, quantas vezes já trocou de partido ao sabor do vislumbre da troca de favores.
Também é preciso cuidado, especialmente o eleitor que vive em regiões com menos recursos, com as visitas dos candidatos a deputado estadual e federal, e até mesmo a senador. Quem for mais atento perceberá que os discursos dos visitantes não são muito distintos. O joio será separado do trigo com a ajuda da observação, da perspicácia, da pesquisa. Mais cuidado se deve ter ainda com o candidato saído da “comunidade”. Se ele for honesto, bem-intencionado, e se tiver espírito público, então merecerá o voto. O problema é que, algumas vezes, o cidadão se candidata com o único intuito de “subir na vida”, sair daquela comunidade e depois nunca mais a ela voltar.
Eleitor, pense nisso: informação e conhecimento são sinônimos de poder, e só com elas o desejo de fazer um país ainda melhor depois de outubro será possível.
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