Por Ricardo Pinheiro Penna.
Com o aquecimento das eleições, as pesquisas ocupam lugar de destaque na mídia, nos blogs, nos twitters e nas conversas de botequim. As vezes, parecem ter mais notoriedade que os candidatos e seus programas de governo.
É natural. Pesquisas positivas aumentam o potencial de arrecadação de campanha, melhoram o humor do candidato e fortalecem a disposição da militância.
É natural, portanto, que partidários de uma ou outra candidatura encontrem argumentos para justificar a vitória no primeiro turno. Há mais de 50 dias do pleito, com 45 dias de propaganda eleitoral gratuita, já se fala em vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. Infelizmente, para a torcida, com tanto chão pela frente, é cedo demais para projeções audaciosas.
Não restam dúvidas que existe um cenário positivo para a vitória de Dilma e uma gigantesca pedreira para o candidato do PSDB. A popularidade de Lula é forte, a economia recupera-se da crise de 2009 e, principalmente, o Partido dos Trabalhadores tem a máquina administrativa na mão.
Apesar de todas essas vantagens ainda há um longo caminho a ser percorrido. Antecipar a vitória da candidata do PT no primeiro turno não é uma tarefa banal. Além da complexidade dos fatores que podem mudar as intenções de voto, existem milhares de intercorrências que podem atrapalhar os planos da torcida.
Admitindo que os votos nulo e brancos nas eleições de 2010 sejam iguais a 10% e que a candidata do Partido Verde obtenha 10% dos votos totais, a vitória de Dilma Rousseff, no primeiro turno, só estaria assegurada com 45% dos votos. Não parece difícil. Afinal, na média de todos as pesquisas, o índice atual de Dilma é de 40%.
Para garantir vitória no primeiro turno a líder só precisa de mais 5 pontos percentuais. Fácil? Pode ser. Desde que tome 4 ou 5 pontos de Serra, desde que Marina Silva não cresça mais do que 10% e desde que os votos nulos e brancos não sejam menores do que em 2006.
São muitas as variáveis para garantir uma vitória no primeiro turno mas existem outro problema: o “efeito urna eletrônica”. Nas eleições de 2006, nos estados mais pobres, como, por exemplo, no nordeste, os votos nulos e brancos beiraram 11%. Nos estados mais prósperos como no sudeste, a média dos votos brancos e nulos foi menor do que 7%. A diferença ocorre pela dificuldade do eleitor em votar. Quanto menor a escolaridade maior a chance do cidadão em não conseguir transformar sua intenção de voto em voto efetivo.
Como as pesquisas de opinião mostram que Dilma é muito mais forte que Serra nos estados mais pobres a urna eletrônica terá um efeito negativo maior sobre os votos de Dilma do que sobre os votos de Serra. Em outras palavras, será necessário que a candidata do PT chegue no dia das eleições com uma pequena folga para compensar o efeito negativo do voto perdido por seus eleitores no estados nordestinos.
Assim, se Dilma Rousseff tiver um pouco mais de 45% das intenções, se os votos nulos alcançarem 10%, se Marina não crescer muito e se os eleitores de menor renda digitarem corretamente suas intenções na urna eletrônica, é possível que a eleição termine no primeiro turno. Vamos aguardar.
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