Professor Nazareno*
Brasil Independente e Feliz?
Semana da Pátria, Sete de Setembro. Bandeirolas verde-amarelas enfeitam os pavilhões. Desfiles civis e militares pelas ruas. Céu ainda com um pouco de fumaça. Os ex-combatentes e o pessoal da ativa com os peitos estufados de medalhas deixam o reumatismo de lado e vão às ruas. Aplausos e mais aplausos. As Forças Armadas fazendo a única coisa que sabem fazer: desfilar, engraxar os sapatos e mostrar roupas de gala impecavelmente passadas. A multidão delirando de orgulho e ufanismo. Mais um espetáculo circense enchendo os olhos dos incautos, da mundiça ignara, dos abestados de plantão. É a “independência do circo” triunfando sobre a mesmice dos palhaços, a massa. Cantam-se hinos mentirosos. O de Rondônia fala de um céu azul, sempre azul. Já o do Brasil fala de uma brava gente! De um formoso céu risonho e límpido! Hinos idiotas que deviam homenagear São Pedro, o único que combate a fumaceira na região. Por que, calados, aceitamos tantas mentiras e fantasias?
Se metade dos brasileiros, estes que vão aos desfiles da Semana da Pátria, conhecessem a verdadeira história deste país, ficariam envergonhados de comemorar tal data. Se conseguissem perceber que grande parte das autoridades que recebem aplausos e ovações desse povão são as mesmas que lhe negam os mais elementares direitos, a história deste país certamente seria outra e escrita de modo bem diferente e entendida de modo igualmente diferente. São estas mesmas autoridades que representam este Estado voraz que nos engabela quase 40 % em impostos. Como um povo pode tão bovinamente aceitar tudo isto sem a nada reagir? Por que tanta gente simplória fica com os olhos marejados de emoção? Simples: faltam-lhe a consciência crítica e a política e só querem circo mesmo.
O desfile de Sete de Setembro é um espetáculo triste, patético, medonho, deprimente e acima de tudo falso e alienante. As polícias (são muitas polícias) mostram as armas de última geração com que depois vão bater nesta mesma platéia (aplausos). O IBAMA e as Secretarias de Meio Ambiente mostram as últimas tecnologias para combater incêndios em florestas. Helicópteros de combate ao fogo rugem seus motores sobre nossas cabeças. Aviões de caças (restos da Segunda Guerra Mundial) fazem acrobacias. Mais aplausos. Pelotão do Corpo de Bombeiros do Estado de Rondônia na Avenida: por causa da competência e esmero de sua função no combate ao fogo urbano, estrondosos aplausos que até ensurdecem. O povo arrepiado de tanto civismo e patriotismo chora de emoção. As pessoas se abraçam e se confraternizam. "É o progresso de Rondonha", afirmam. Difícil segurar as lágrimas quando o Batalhão de Polícia Ambiental desfila: haja denodo e bravura no combate aos incêndios florestais.
Este país nunca foi independente, pois não pode haver independência com povo no cabresto sendo vassalo da elite, de poucos. Desde a velha e manjada farsa encenada por D. Pedro I em 1822 que a mentira vem sendo mostrada ano após ano nas ruas do Brasil. E a lógica é perfeitamente seguida: se tem espetáculo, tem público. Em vez de perder tempo passando suas roupas ou mostrando suas armas ultrapassadas, os nossos militares deviam se preocupar com coisas mais cívicas. As nossas fronteiras estão desguarnecidas faz um tempão. Os Estados Unidos se aproximam perigosamente da nossa Amazônia com a instalação de bases militares na vizinha Colômbia. As queimadas na Amazônia são um caso de segurança nacional e os "milicos" não dão um pio sequer sobre o assunto.
E os nossos políticos, onde estão eles? Alguns vão aos palanques receber as palmas da platéia porque sabem que neste dia geralmente os eleitores se esquecem das mazelas do Hospital João Paulo Segundo, do trânsito infernal, da dengue, dos escândalos da compra de votos a cem reais, das obras inacabadas da cidade de Porto Velho, do lixo, da falta de saneamento básico, da energia gerada para fora do Estado, da violência, da Unir, do IBAMA, da cidade sem cultura, dos programas policiais, dos mototáxis, dos muitos escândalos na política, das espúrias coligações políticas com objetivos imorais, das incontáveis operações da Polícia Federal. Nos confins de cada Estado, certamente, os políticos são ovacionados pelos seus desdentados e maltrapilhos eleitores: E viva a "Independência do Brasil”
Semana da Pátria, Sete de Setembro. Bandeirolas verde-amarelas enfeitam os pavilhões. Desfiles civis e militares pelas ruas. Céu ainda com um pouco de fumaça. Os ex-combatentes e o pessoal da ativa com os peitos estufados de medalhas deixam o reumatismo de lado e vão às ruas. Aplausos e mais aplausos. As Forças Armadas fazendo a única coisa que sabem fazer: desfilar, engraxar os sapatos e mostrar roupas de gala impecavelmente passadas. A multidão delirando de orgulho e ufanismo. Mais um espetáculo circense enchendo os olhos dos incautos, da mundiça ignara, dos abestados de plantão. É a “independência do circo” triunfando sobre a mesmice dos palhaços, a massa. Cantam-se hinos mentirosos. O de Rondônia fala de um céu azul, sempre azul. Já o do Brasil fala de uma brava gente! De um formoso céu risonho e límpido! Hinos idiotas que deviam homenagear São Pedro, o único que combate a fumaceira na região. Por que, calados, aceitamos tantas mentiras e fantasias?
Se metade dos brasileiros, estes que vão aos desfiles da Semana da Pátria, conhecessem a verdadeira história deste país, ficariam envergonhados de comemorar tal data. Se conseguissem perceber que grande parte das autoridades que recebem aplausos e ovações desse povão são as mesmas que lhe negam os mais elementares direitos, a história deste país certamente seria outra e escrita de modo bem diferente e entendida de modo igualmente diferente. São estas mesmas autoridades que representam este Estado voraz que nos engabela quase 40 % em impostos. Como um povo pode tão bovinamente aceitar tudo isto sem a nada reagir? Por que tanta gente simplória fica com os olhos marejados de emoção? Simples: faltam-lhe a consciência crítica e a política e só querem circo mesmo.
O desfile de Sete de Setembro é um espetáculo triste, patético, medonho, deprimente e acima de tudo falso e alienante. As polícias (são muitas polícias) mostram as armas de última geração com que depois vão bater nesta mesma platéia (aplausos). O IBAMA e as Secretarias de Meio Ambiente mostram as últimas tecnologias para combater incêndios em florestas. Helicópteros de combate ao fogo rugem seus motores sobre nossas cabeças. Aviões de caças (restos da Segunda Guerra Mundial) fazem acrobacias. Mais aplausos. Pelotão do Corpo de Bombeiros do Estado de Rondônia na Avenida: por causa da competência e esmero de sua função no combate ao fogo urbano, estrondosos aplausos que até ensurdecem. O povo arrepiado de tanto civismo e patriotismo chora de emoção. As pessoas se abraçam e se confraternizam. "É o progresso de Rondonha", afirmam. Difícil segurar as lágrimas quando o Batalhão de Polícia Ambiental desfila: haja denodo e bravura no combate aos incêndios florestais.
Este país nunca foi independente, pois não pode haver independência com povo no cabresto sendo vassalo da elite, de poucos. Desde a velha e manjada farsa encenada por D. Pedro I em 1822 que a mentira vem sendo mostrada ano após ano nas ruas do Brasil. E a lógica é perfeitamente seguida: se tem espetáculo, tem público. Em vez de perder tempo passando suas roupas ou mostrando suas armas ultrapassadas, os nossos militares deviam se preocupar com coisas mais cívicas. As nossas fronteiras estão desguarnecidas faz um tempão. Os Estados Unidos se aproximam perigosamente da nossa Amazônia com a instalação de bases militares na vizinha Colômbia. As queimadas na Amazônia são um caso de segurança nacional e os "milicos" não dão um pio sequer sobre o assunto.
E os nossos políticos, onde estão eles? Alguns vão aos palanques receber as palmas da platéia porque sabem que neste dia geralmente os eleitores se esquecem das mazelas do Hospital João Paulo Segundo, do trânsito infernal, da dengue, dos escândalos da compra de votos a cem reais, das obras inacabadas da cidade de Porto Velho, do lixo, da falta de saneamento básico, da energia gerada para fora do Estado, da violência, da Unir, do IBAMA, da cidade sem cultura, dos programas policiais, dos mototáxis, dos muitos escândalos na política, das espúrias coligações políticas com objetivos imorais, das incontáveis operações da Polícia Federal. Nos confins de cada Estado, certamente, os políticos são ovacionados pelos seus desdentados e maltrapilhos eleitores: E viva a "Independência do Brasil”
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