Por Carlos Chagas
Faz tempo que o PT vinha mudando, mas das urnas de outubro emergiu, consolidado, um novo partido. Não mais a legenda operária, senão uma agremiação de ex-operários transformados em funcionários públicos. Com ênfase para os recém-chegados nos últimos oito anos, aqueles que não se expuseram quando da fundação e, à sombra do Lula presidente da República, procuraram o poder dentro de uma ordem estabelecida, estável, que não exige mais sacrifícios e até promete vantagens, esquecendo o ideal da transformação.
É o novo PT que procura envolver Dilma Rousseff, buscando o domínio das repartições públicas, esquecendo as fábricas e, principalmente, relegando ao esquecimento projetos de reforma institucional e de aprimoramento social e econômico. Alguém se lembra de alguma proposta feita pelos candidatos petistas na recente eleição, a não ser dar continuidade ao governo Lula?
Como candidata, a presidente eleita prometeu lutar para acabar com a pobreza no pais, mas, mesmo ela, não disse como.
Registra-se uma sensação opressiva naqueles núcleos cada vez menores que criaram o PT e ainda tentam manter acesa a chama das mudanças. Porque a maioria já se mandou. Também, perderam as esperanças no ícone maior: o Lula, no palácio do Planalto, transmudou-se de reformista, quando não revolucionário, em assistencialista. Consciente ou inconscientemente, o primeiro-companheiro viu formar-se ao seu redor uma nova elite. O PT deixou de ser uma associação voluntária, já que permanecer nele exige o silêncio, preço pago para o recebimento de benesses. Uma armadura burocrática sufocou a utopia do novo Brasil dos companheiros. Agora, com todo o respeito, a indagação é se Dilma Rousseff não terá ao seu redor dois partidos completamente iguais na disputa pelo poder, o PMDB e o PT, sem que nenhum deles contribua para o objetivo que um dia dispuseram, de mudar a sociedade.
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