Por Carlos Chagas.
Quando surgem apagões nos aeroportos, tanto faz se em razão do mau tempo ou da ineficiência das empresas aéreas, é natural que os ânimos se acirrem. Explodem os passageiros, tratados como gado e sem informações. Exaltam-se os funcionários, nos balcões, expostos aos reclamos e às agressões que deveriam ser dirigidas aos seus patrões.
Quando surgem apagões nos aeroportos, tanto faz se em razão do mau tempo ou da ineficiência das empresas aéreas, é natural que os ânimos se acirrem. Explodem os passageiros, tratados como gado e sem informações. Exaltam-se os funcionários, nos balcões, expostos aos reclamos e às agressões que deveriam ser dirigidas aos seus patrões.
O que não dá para aceitar é que a Polícia Federal, ou os terceirizados que cumprem obrigação nos aeroportos, dêem vazão a seus instintos truculentos e contribuam para tornar ainda mais amargo o sofrimento de quem tenta viajar de avião.
Tome-se o que aconteceu domingo no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. O veterano jornalista Sérgio Ross tinha passagem marcada para Brasília no vôo que deixaria a capital gaúcha às nove horas da manhã. Já passava do meio-dia quando a imensa fila estendia-se diante dos aparelhos de raio X e da revista a que todos precisam submeter-se. Apesar de haver colocado o seu computador na cestinha e estar de mãos vazias, o indigitado colega viu a parafernália eletrônica apitar feito um trem, quando passou debaixo.
Uma funcionária aproximou-se, de maus modos, submetendo-o à inspeção de um aparelho manual, verificando nada haver de metal em seus bolsos. Ross explicou que deveriam ser os botões de seu blazer. Em vez de aceitar a explicação, a funcionária exigiu, aos gritos, que o tirasse. Nova passagem sob a máquina e os apitos continuaram. Já se tinham aproximado outros policiais, todos cercando o jornalista como se fosse um agente do terror. Não havia outra explicação senão de que a causa estava nas placas de metal de seus suspensórios, como mostrou. A reação foi mais truculenta ainda: “tire os suspensórios!”
Não adiantou alertar que se assim fizesse, as calças poderiam cair. Nessa altura, a fila era quilométrica e os passageiros se amontoavam para saber o que estava acontecendo. Estimulados pela curiosidade geral, os agentes da lei mais gritavam, preparando-se para enfrentar com armas e algemas aquele suposto terrorista.
Na quarta passagem pelo arco eletrônico, cessaram os apitos, mas o inevitável aconteceu: caíram as calças do jornalista, para seu constrangimento e gargalhadas gerais. Os policiais guardaram seus revolveres e a funcionária ainda pontificou: “Estamos sustentando a segurança aérea! ”
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