sábado, 6 de novembro de 2010

DESMONTANDO A VISÃO SECESSIONISTA


Por Alexandre Porto, Blog do Alê.
Dividir eleitoralmente o Brasil entre Norte e Sul é não entender o recado das urnas.
Criei esse mapa sob demanda da jornalista historiadora e blogueira Conceição de Oliveira (@maria_fro), para mostrar como são falsas as interpretações de que o Brasil estaria dividido entre pobres e ricos, Sul e Norte. Esse falso contencioso tem gerado uma série de manifestações xenófobas, principalmente difundidas nas redes sociais. Criei com uma graduação de cores baseado nas diferenças de votos em cada estado. Vermelho e azul mais fortes, representam grandes diferenças, as cores mais suaves, ao contrário, pequenas diferenças.
Já foi bastante comentado pela imprensa o fato de que mesmo na absurda hipótese de não se computar os votos das regiões Norte Nordeste, Dilma venceria, mesmo que por pequena margem.
Repare que as duas maiores vitórias de Serra foram exatamente em estados da região Norte, Acre e Roraima. Estados com pequena população e que têm uma forte pressão entre o setor agrícola e ambiental. No Sul, sudeste e Centro-Oeste, ele vence sempre por pequena margem de votos. Em quatro deles, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Espírito Santo por diferenças menores que 3% dos votos válidos. Uma margem ligeiramente maior, Serra obteve em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Sua maior vitória, pasmem, foi em Santa Catarina local de recente polêmica a cerca de mudanças no Código Florestal, onde o tucano conquistou pouco mais de 56% dos votos válidos.
As vitórias de Serra, incluindo aí toda a região centro-sul do Pará, o chamado "Arco de Fogo", foram em regiões com predomínio da economia agrária. Podemos avaliar que foi em parte pelo conservadorismo dos produtores rurais e o "fantasma do MST", mas também pela forte campanha realizada nessas regiões e sobre o fator câmbio, que de fato tem prejudicado a economia desses estados, nos últimos dois anos. A verdadeira revolução no crédito rural, levada a cabo por Lula, não foi ainda capaz de vencer essa resistência contra uma candidatura de esquerda.
Ao contrário, Dilma além de ter vencido em mais estados (16 a 11), obteve vitórias bem mais contundentes, em praticamente toda a região Nordeste e no estado do Amazonas. Em três deles, Pernambuco, Maranhão e Amazonas, Dilma venceu em todos os municípios. No Ceará perdeu em apenas um; Na Bahia em 8, sendo que apenas um de médio porte, Vitória da Conquista.
Mas mesmo com todas as dificuldades, a candidata petista praticamente obteve "empate técnico" em várias regiões. Incluindo aí o já citado Pará, onde ela venceu por apenas 53,2% dos votos, sua vitória mais apertada.
O Brasil não está dividido entre norte e Sul. E o que teve de atrito, se deve mais ao nível da campanha eleitoral que às diferenças econômico e sociais. Dilma terá que governar para todos. Precisa melhorar a infraestrutura da produção agrícola, que já vai levar um choque com a inauguração de algumas obras importantes, como as ferrovias Norte-Sul e Transnordestina, a Integração das Bacias do São Francisco e mesmo as hidrelétricas do rio Madeira. São obras, acima de tudo, de integração nacional.
Para além das prioridades na saúde, educação e diminuir o abismo social, governar um país continental, com tantas realidades regionais diferentes, é sempre um exercício de acomodação política e coragem para avançar sobre os desafios, que são gigantescos. O Brasil está ao seu lado Dilma.
Nesse momento no qual o Brasil resvala na xenofobia, que tal ouvir "O Mundo" com Ney Matogrosso, Pedro Luis e a Parede?

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