Por Carlos Chagas
Há quem se dedique a somar dois e dois e verificar que dá quatro. Feito o preâmbulo, vale registrar o óbvio: o Lula ficará sem mandato a partir do primeiro dia de janeiro, mas anunciou estar disposto a lutar feito um leão para, ano que vem, ser aprovada no Congresso a reforma política. Como lutará? Na condição apenas de ex-presidente fica difícil, Fernando Henrique Cardoso poderá imaginar-se no mesmo patamar. Como ex-deputado poderá freqüentar o plenário da Câmara, mas sem direito à palavra e ao voto irá configurar um, corpo estranho.
Resta uma saída para dar ao Lula não a legitimidade, que ele já possui de sobra, mas a liturgia para reunir-se em pé de igualdade formal com líderes partidários: assumir a presidência do PT.
Não haverá quem lhe tire esse direito, fundador e primeiro presidente que foi, além de chefe inconteste do PT durante os últimos oito anos. Basta uma reunião do Diretório Nacional ou uma convenção extraordinária dos companheiros para, por aclamação, em quinze minutos, assumir de direito o que detém de fato. Assim, estaria armado para os embates de toda ordem, ainda mais reforçado pelo apoio incondicional do governo Dilma Rousseff.
Numa palavra, por enquanto taticamente mantida em cone de sombra: o Lula assumirá a presidência do PT, deixando o caminho livre para José Eduardo Dutra ocupar um ministério ou sentar-se numa cadeira no Senado, primeiro suplente que é de Antônio Carlos Valadares, outro candidato a ministro.
Dois e dois continuam dando quatro, apesar de pouca gente ter-se dedicado nos últimos dias a exercitar a aritmética política.
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