Em época de formação de governos acontece sempre a mesma coisa: boatos, entreveros entre grupos ávidos de galgar o poder, estultices, ambições, baixarias e invenções.
Nos últimos dias vem freqüentando a mídia uma versão que reúne todas as características acima relacionadas: a de que o presidente Lula teria aconselhado Dilma Rousseff a não aproveitar Antônio Palocci na chefia da Casa Civil ou na Fazenda, evitando que o ex-ministro se tornasse um poder paralelo ofuscando a nova presidente da República.
Nada mais canhestro. Primeiro porque o Lula jamais deu esse conselho à sucessora. Depois, porque se ela admitisse o raciocínio, estaria demonstrando incapacidade para o exercício de suas funções. Ninguém faz sombra a um presidente da República, no sistema presidencialista. Vivêssemos o parlamentarismo e seria possível, até provável, a presença de um primeiro-ministro prevalecendo sobre o presidente ou até sobre o rei, no caso da Monarquia. No presidencialismo não há lugar para complexos de inferioridade.
Dilma demonstrou não temer nem o Temer, quanto mais o Palocci. Senão, não os teria feito coordenadores da transição, com espaços amplos para cotejar os governos atual e futuro. Repousa nas mãos dela o exercício do poder, em sua plenitude. Se a capacidade do ex-ministro supre as necessidades da futura administração federal, melhor para todo mundo.
Se Palocci vai para a Casa Civil, se volta à Fazenda ou se irá para a Saúde ou para a Petrobrás, trata-se de uma decisão da nova presidente, já tomada ou por tomar. Torna-se impossível aceitar, no entanto, a mentira a respeito do falso conselho atribuído ao Lula.
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